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“Não basta unir o saber (a ciência) à alma (à consciência); é preciso incorporá-la àquele; não basta regá-lo, é indispensável com ela tingi-lo.” (Montaigne)
Em 1982, Edgar Morin publicou “Ciência com consciência”, que deu origem ao Paradigma da Complexidade, já exposto nos primeiros volumes de “O Método”.
Defendia, já então, o desenvolvimento de uma ciência da complexidade. Uma referência era Gaston Bachelard, que achava “que o espírito científico contemporâneo não podia ser colocado em continuidade com o simples bom senso.”
“… o ideal da complexidade da ciência contemporânea … e a ideia da complexidade dos fenômenos elementares, colocando-a frente a essa epistemologia cartesiana, que esquece que o simples é sempre o simplificado.” (Bachelard)
Em 1984, nascia o Santa Fe Institute, um instituto de pesquisa teórica independente e sem fins lucrativos localizado em Santa Fé, no Novo México, dedicado ao estudo multidisciplinar dos princípios fundamentais de sistemas adaptativos complexos.
Acompanho, como curioso, o desenvolvimento dessa abertura desde o início.
Ontem, finalmente, esse esforço começou a ser reconhecido com a premiação a três cientistas com o prêmio Nobel: Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi.
Para os não-familiarizados, sistemas complexos não são uma coleção de partículas idênticas interagindo regularmente de uma forma consistente e previsível.
Em vez disso, são sistemas de elementos, potencialmente diferentes uns dos outros, interagindo de maneiras diferentes e aparentemente imprevisíveis, enquanto expostos a várias condições externas.
A teoria do professor Parisi fornece previsões confiáveis sobre as propriedades estatísticas de sistemas complexos, desde líquidos super-resfriados (líquidos abaixo de sua temperatura de solidificação), líquidos congelados, sólidos amorfos como vidro e até bandos de estorninhos.
A teoria dos sistemas desordenados nos permite entender o belo surgimento de padrões de voo coerentes dentro de bandos compactos de pássaros – que conseguem se manter unidos e formar vastos agrupamentos, apesar das condições adversas, como apresentado no vídeo abaixo:
Por outro lado, Syukuro Manabe e Klaus Hasselmann são modeladores do clima cujos trabalhos lançaram as bases de nossa compreensão de como o dióxido de carbono molda o clima.
É um trabalho fantástico: o mais recente relatório do IPCC, baseado em modelos climáticos de última geração, afirma inequivocamente que os humanos já estão influenciando muitos extremos climáticos em todas as regiões do globo.
Um modelo climático é um programa de computador projetado para simular o clima da Terra a fim de compreender e prever seu comportamento. Esses modelos são baseados em equações matemáticas que descrevem as leis físicas que governam o comportamento da atmosfera e do oceano e suas interações com outras partes do sistema climático da Terra, como a superfície da terra ou mantos de gelo.
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