O triunfo do fracasso

Em fevereiro de 1949, Arthur Miller, muito tenso, aguardava a estreia de sua peça “A Morte do Caixeiro Viajante” na Broadway. Imaginava: que importância teria para aquela multidão, vivendo no clima de prosperidade do após-guerra, a vida e a morte de um homem tão simples e insignificante como um caixeiro-viajante? Foi um sucesso, inclusive deContinuar lendo “O triunfo do fracasso”

A vaidade coroa a tolice

Há menos diferença entre os animais que entre um homem e outro homem, dizia Plutarco. Claro, além da nossa base instintiva, temos uma carga cultural, imaginação, sonhos e pesadelos. Porém, o humano é vaidoso e confunde, muitas das vezes, o ornamento como imagem do ser. Como nunca é demais, resgato um trecho dos Ensaios deContinuar lendo “A vaidade coroa a tolice”

A Magistratura e o Ministério Público

Segundo Pascal, “A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana.” O senso de justiça é um elo da humanidade; mas a liberdade também o é. A Justiça deve ser o cimento social, aceito por todos, porém “se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha emContinuar lendo “A Magistratura e o Ministério Público”

Quem sabe o que se é?

A vida parece simples, para os simples. Da mesma forma, organismos simples, em meios adequados, requerem pouco conhecimento e nenhum planejamento para manterem a vida, apenas reagindo. Bastam alguns mecanismos sensitivos e um conjunto de pré-configurações para reagir conforme o que for percebido e dispor de algum recurso para executar a reação selecionada. Organismos complexos,Continuar lendo “Quem sabe o que se é?”

Existir

Contardo Calligaris morreu em março deste ano. Um dia antes da sua morte, numa conversa com Maria Homem, sua companheira, a pergunta séria: “O que vai ser de mim sem você?” Ele, consciente, olhou nos seus olhos e disse: “Vai ser o que você quiser”. Esse era seu princípio: crie sua vida! Quantos estão, nesteContinuar lendo “Existir”

Complexidade

“Não basta unir o saber (a ciência) à alma (à consciência); é preciso incorporá-la àquele; não basta regá-lo, é indispensável com ela tingi-lo.” (Montaigne) Em 1982, Edgar Morin publicou “Ciência com consciência”, que deu origem ao Paradigma da Complexidade, já exposto nos primeiros volumes de “O Método”. Defendia, já então, o desenvolvimento de uma ciênciaContinuar lendo “Complexidade”

A vida é preparação

“Para que cometer a loucura de chorar porque daqui a cem anos não viveremos, e por que não fazer o mesmo porque há cem anos não vivíamos?” Montaigne, com seu realismo. Para ele, “a contínua tarefa da nossa existência é levantar o edifício da morte”. Como Cícero, acreditava que filosofar nada mais é do queContinuar lendo “A vida é preparação”

“Crer em Deus é tomar os seus desejos pela realidade”

Farei três textos abordando a fé. Num, darei voz a um ateu, André Comte-Sponville; depois, um fervoroso cristão, Pascal; e, finalmente, um que procurou manter-se equidistante, Montaigne. Pronto, desagradarei a todos. Comecemos pelo ateu, Comte-Sponville. Ele é um filósofo materialista, mas não hedonista. Um argumento usual pelos ateus é que “a fé não dá respostas,Continuar lendo ““Crer em Deus é tomar os seus desejos pela realidade””

Diágoras, um ateu

Diágoras, foi um poeta e sofista grego do século V a.C. Era apelidado de “o ateu”. Acredita-se que ele tenha sido o primeiro a dizer que a religião foi criada pelos governantes para assustar as pessoas de modo a fazê-las seguir uma ordem moral.  Foi discípulo de Demócrito. Acabou expulso de Atenas, acusado de ImpiedadeContinuar lendo “Diágoras, um ateu”