
Brigitte Baptiste, é uma bióloga colombiana. Transgênero, defende a diversidade natural, social e cultural.
Para ela, a mudança é a condição normal das coisas, mas a sociedade é reticente à mudança. Somos ensinados a buscar consolidar um projeto pessoal identitário, principalmente num mundo que acha que há nitidez no fluído.
“O queer, o estranho, é provavelmente um desses fenômenos culturais que mais permite abrir-nos à diversidade. Para não acharmos que o mundo é esquisito e ameaçador. Ao contrário, o mundo é estranho e divertido.”
O desafio de se construir uma cultura sustentável é que trata-se de uma “cultura”, o que requer uma educação anterior que nos torne consciente da nossa dependência como coletivo da biodiversidade e da estabilidade ecológica em escala planetária e local.
A educação tenta nos mostrar um mundo homogêneo, “normal”; mas ele é heterogêneo, mutante, evolutivo, queiramos ou não.
“O mundo sempre se transforma em algo inovador ou inesperado. Esta é a evolução. Dos peixes evoluíram os anfíbios, dos anfíbios, os répteis, e dos répteis, os mamíferos. Sem dúvida, para cada uma dessas espécies, o próximo nível de inovação era anômalo.
Para a evolução, o que menos importa é “a normalidade”. As anomalias geram a evolução. Uma inserção do estranho no “normal” é necessária para que haja estabilidade e os sistemas não entrem em colapso. O ecossistema se adapta às mudanças. A natureza é queer, não funciona como um modelo mecanicista, mas está cheia de saídas falsas.”