
Joseph-Marie de Maistre é o autor da famosa frase do título. Na avaliação de Isaiah Berlin, ele seria um “precursor do fascismo”. Viveu entre 1753 e 1821. Era contra a Revolução Francesa e Ultramontanista, isto é, reforçava e defendia o poder e as prerrogativas do papa em matérias de disciplina e fé. Era um papa-hóstias.
O Ultramontanismo foi a maior de todas as reações da Igreja Católica contra sua perda de poder a partir da Reforma. O terror da Revolução deu argumentos aos que defendiam um poder eivado de espiritual, tendo o papa como seu líder. O homem não viveria só de pão; era necessário um líder espiritual.
No Brasil, os bispos “reformadores” defendiam essa posição (aqui chamada Romanização), naturalmente. Diziam: “já que somos como o rebanho, que não vai para onde deve ir, senão para onde o levam, assim entramos nas escolas mais com a semelhança que com o raciocínio.” Isso era à época.
A Igreja seria reafirmada como indispensável para a “salvação”, hierarquizada sob a autoridade espiritual do papa. Hierarquia ainda era símbolo de ‘autoridade’, de ordem.
O Joseph-Marie de Maistre era conde, além de escritor, diplomata, advogado e filósofo. Reacionário, era a favor da restauração da monarquia francesa e, como já disse, do restabelecimento do poder do papa, inclusive sobre os monarcas. Lei e ordem; a paz seria o resultado da obediência. Monarquias católicas.
Já comentei aqui sobre seu irmão, Xavier de Maistre:(https://balaiocaotico.com/2020/08/24/como-ha-gente-curiosa-neste-mundo/).
O Xavier era aventureiro (combateu as tropas de Napoleão como general do Exército russo), escritor, pintor de paisagens, pioneiro da fotografia, cientista. Por causa de um duelo foi preso por indisciplina, quando escreveu “Viagem ao redor do meu quarto”, uma descrição psicológica dos seus 42 dias na prisão.
“… o desejo eterno e jamais saciado do homem não consiste em aumentar seu poder e suas capacidades, em querer estar onde não está, em recordar o passado e viver no futuro?
O homem quer comandar exércitos, presidir academias; deseja ser adorado pelas beldades; e, quando possui tudo isso, sente falta do campo e da tranquilidade, e inveja a cabana dos pastores; seus projetos, suas esperanças naufragam sem trégua contra as mazelas reais da natureza humana; ele não sabe por onde encontrar a felicidade.” (Xavier de Maistre)
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