Não é comigo …

Etcetera - O Blog Humanista: Poesia - E Não Sobrou Ninguém - Martin  Niemöller
(Martin Niemöller, 1892-1984)

E não sobrou ninguém

 primeiro levaram os comunistas

mas não me importei com isso

eu não era comunista;

em seguida levaram os sociais-democratas

mas não me importei com isso

eu também não era social-democrata;

depois levaram os judeus

mas como eu não era judeu

não me importei com isso;

depois levaram os sindicalistas

mas não me importei com isso

porque eu não era sindicalista;

depois levaram os católicos

mas como não era católico

também não me importei;

agora estão me levando

mas já é tarde

não há ninguém para

se importar com isso.

Martin Niemöller (1892-1984) era um pastor luterano alemão. Quando o nazismo se insinuava ele chegou a ser simpático àquela força que poderia levantar a moral do povo, falando em nome da ‘nação’ e do ‘povo’ alemães.

Logo percebeu quem era Hitler, e tentou persuadi-lo a mudar, pessoalmente. Tornou-se, então inimigo aos olhos do Führer, do “condutor”. Só a lealdade conta aos fascistas. Foi enviado a um campo de concentração.

O poema acima é, às vezes, atribuído a Brecht ou a Maiakóvski. Não pesquisei.

De qualquer forma, convém republicar o poema de Eduardo Alves da Costa:

No caminho, com Maiakóvski

“Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.


Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.


Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.


Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.


Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.


Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir. (…)”

O poema de Brecht é:

É PRECISO AGIR

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Um comentário em “Não é comigo …

Deixe um comentário