“A inquietação e a futilidade dividem nossos dias.” (Paul Valéry, 1871-1945) Paul Valéry, no final do século XIX, antecipava o fim do homem e algumas transformações pelas quais estamos passando. VENTO DO NORDESTE (Valéry) “O homem ainda não começou seu trabalho: está ainda preparando suas ferramentas. Quando chegar o momento, dificilmente conservará o nome de homem…Continuar lendo ““A estupidez não é o meu forte” (Paul Valéry, em Monsieur Teste)”
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Destino
MOTIVO (Cecília Meireles) Eu canto porque o instante existe/ e a minha vida está completa./ Não sou alegre nem sou triste:/ sou poeta. Irmão das coisas fugidias,/ não sinto gozo nem tormento./ Atravesso noites e dias/ no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço/ – não sei, não sei. Não seiContinuar lendo “Destino”
“Este é o presente, uma alegoria do desperdício”
Tristeza e isolamento. O lado sombrio da vida. Melancolia da infância, revelações da adolescência, desenganos da vida adulta, os traumas, o luto. O envelhecimento. Dessas coisas trata a poesia de Louise Glück, 80 anos. As migrações noturnas Este é o momento em que voltamos a ver/ os frutos rubros da sorveira/ e no escuro céu/Continuar lendo ““Este é o presente, uma alegoria do desperdício””
Quando a dor se senta ao seu lado
Ellen Bass é uma escritora e poetisa americana. Tem 75 anos. Se você soubesse E se você soubesse que seria o último/ a tocar em alguém? /Se você estivesse pegando ingressos, por exemplo,/ no teatro, rasgando-os,/ devolvendo os canhotos esfarrapados,/ poderia ter o cuidado de tocar a palma da mão, passar/ as pontas dos dedos/Continuar lendo “Quando a dor se senta ao seu lado”
Angústia de não pertencer a lugar nenhum, mas ao mesmo tempo, a todos os lugares
Os judeus passaram por várias diásporas, expulsões forçadas pelo mundo. A justificativa estaria em desobedecerem a voz de Iahweh: “Iahweh te entregará, já vencido, aos teus inimigos: sairás ao encontro deles por um caminho, e por sete caminhos deles fugirás!” (Deuteronômio 28, 25). Talvez a primeira diáspora tenha sido a expulsão de Eva e AdãoContinuar lendo “Angústia de não pertencer a lugar nenhum, mas ao mesmo tempo, a todos os lugares”
“Duas estradas num bosque se bifurcavam, e eu/ A menos percorrida trilhei,/ E isto fez toda a diferença” (Robert Frost)
Robert Lee Frost (1874-1963) foi um dos mais importantes poetas americanos do século XX. Recebeu quatro prêmios Pulitzer. Seus poemas falam da solidão e da melancólica transitoriedade da vida. A ESTRADA NÃO PERCORRIDA (Tradução de Henry Alfred Bugalho) Estradas se bifurcavam num amarelado bosque,/ E me ressenti não poder ambas percorrer/ Sendo um só viajante, porContinuar lendo ““Duas estradas num bosque se bifurcavam, e eu/ A menos percorrida trilhei,/ E isto fez toda a diferença” (Robert Frost)”
Rumi, o mestre da via do amor
“…Na verdade, somos uma só alma, tu e eu./ Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti./ Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,/ Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.” (Rumi) Jalal ad-Din Muhammad Rumi, um poeta persa e mestre sufi, nascido em 1207 eContinuar lendo “Rumi, o mestre da via do amor”
“A irrealidade do que é visto dá realidade ao olhar” (Octavio Paz)
O mexicano Octavio Paz (1914-1998) era poeta, ensaísta, tradutor, crítico literário e diplomata. Certeza “Se é real a luz brancadesta lâmpada, reala mão que escreve, são reaisos olhos que olham o escrito? Duma palavra à outrao que digo desvanece-se.Sei que estou vivoentre dois parênteses.” Paz relaciona Religião com Poesia. Ambas tendem à comunhão; as duasContinuar lendo ““A irrealidade do que é visto dá realidade ao olhar” (Octavio Paz)”
“Por mais bela que seja cada coisa/ Tem um monstro em si suspenso”
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, Portugal, em 1919 e viveu até 2004. QUANDO (Sophia de Mello Breyner) Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta Continuará o jardim, o céu e o mar, E como hoje igualmente hão-de bailar As quatro estações à minha porta. Outros em Abril passarão no pomarContinuar lendo ““Por mais bela que seja cada coisa/ Tem um monstro em si suspenso””
Cidades sonhadas
“A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado. (…) Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos para-raios, nosContinuar lendo “Cidades sonhadas”