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As pessoas, na vida social, se influenciam mutuamente. “Imitam-se uns aos outros na adulação fanática e, em seguida, na hostilidade ainda mais fanática”, dizia René Girard.
A multidão é instável, insegura, maleável, ansiosa, carente de respostas (soluções prontas), influenciável … uma massa informe. Ela é o símbolo de nossa expressão límbica.
Confiar no “povo” requer credulidade, ingenuidade; implica ser incauto. O povo é como as nuvens: muda conforme o vento social que predomine; pode trazer tempestades ou céu límpido.
Cito dois exemplos bíblicos: a) a recepção de Jesus no Domingo de Ramos e o desfecho na Sexta-feira da Paixão; b) a unanimidade da comunidade na adoração de Jó, quando “rico e são” e, depois a aversão pública, quando de sua desgraça provocada por uma aposta entre Deus e Satanás.
A incoerência é da natureza popular. O povo é articulado – caoticamente – em revoluções libertárias e manipulado para a ascensão de feras totalitárias. A multidão é indiferente a qualquer moderação. Quando ela está quieta (efervescendo) não significa que haja adotado o bom senso, o pensamento crítico, como guia.
A miséria humana (insegurança, fragilidade, dores, angústias, decepções, fracassos) é o fermento que produz as tentativas de transformação social. É assim, desde sempre.
Os poderosos (na economia, política ou outras esferas) são, de início, louvados, admirados – bons exemplos. Quando caem, são desprezados, pisados: exemplos do que deve ser evitado.
Como não sabemos, em geral, para onde dirigir nossos esforços, nossa vida, procuramos exemplos – bem sucedidos.
“Quem fracassa é como se fosse objeto de uma condenação moral … ninguém quer chegar perto desse fracasso”. (Arthur Miller)
A sociedade afasta-se dos fracassados, embora o fracasso seja a esmagadora história de vida de todos nós.
O sucesso, assim como o fracasso, são conceitos subjetivos, introjetados pela sociedade. Precisamos fazer nossas escolhas e não nos deixarmos pautar pelo “consenso” social.
O ouro reluz, mas não tem luz própria.
Somos seres “racionais”. Isto não quer dizer que nossos comportamentos e decisões são sempre lógicos – ao contrário. E, quando em grupo, tendemos a assumir a identidade coletiva, quando a racionalidade vai pro espaço – vejam, por exemplo, festivais de pop stars ou aglomerações políticas (comícios, antigamente).