O mercado não tem alma

O mercado é uma figura de dominação. Ele nos arrasta e escraviza. E aceitamos; pra isso nascemos. Antes tínhamos medo; hoje, transtornos, que nos debilita mentalmente mas não nos incapacita totalmente.

“Antes mesmo de saber o que somos tememos perder isso” (uma fala do filme Blade Runner 2049)

Morremos sem saber o que somos; isso não parece importar para muitos. Importa ser útil, produtivo, obter algum sucesso, amealhar bens, conquistar isso ou aquilo, ser “reconhecido” e admirado, ter poder …

Estamos nos desumanizando sem nunca sabermos bem o que é ser humano.

“Você tem se saído bem sem uma alma” (Blade Runner 2049, novamente). O que quer que seja “alma”, ela nos faz falta. Somos protótipos de androides.

Hoje, enquanto não somos ainda substituídos, lutamos contra um sentimento de exaustão permanente. E não apontamos para o sistema por isso; culpamos a nós próprios e nos envergonhamos.

Agradecemos por termos “uma vida governada pelo cansaço, correria e trabalho”, diz Byung-Chul Han. Todas essas coisas só expressam desesperança.

Além da exaustão física, temo a fadiga da informação, a mãe das doenças mentais, causada pela excessiva exposição a “informações”.

Quantos transtornos mentais nos perseguem? Burnout, hiperatividade, depressão … uma tristeza. Uma sociedade fragilizada, principalmente entre os jovens. Falta de esperança, perspectivas, horizontes; “compensados” por entretenimento on line e relacionamentos virtuais. Este é o século XXI.

Temos que nos ocupar – todo o tempo! Não podemos parar, contemplar, pensar, refletir – daí, somos propensos a assimilar ideias prontas, principalmente as políticas. Temos que seguir o ritmo do tambor; tudo nos atrai e quase nada é relevante para nossas vidas e para possíveis futuros.

Ah, alguém está cuidando desses futuros por nós.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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