
O dirigente máximo do movimento “nós contra eles” costuma usar a bandeira nacional como símbolo de suas causas.
Coitado do Auguste Comte, que criou o positivismo tentando dar um sentido a esse mundo controverso e que entusiasmou os “fundadores” (militares, principalmente) de nossa república.
Ora, Comte imaginava que os problemas sociais e políticos de então e sempre se resolveriam através do progresso moral e científico da sociedade e, isso se daria por meio da ordem social e do desenvolvimento das ciências. Era a crença definitiva no Progresso, a consagração do Iluminismo.
Politicamente, a solução seria um “estado positivo”, que priorizaria a ciência como saber confiável.
Não vamos discutir a ideia do progresso redentor, mas a ironia dos que querem o poder pelo poder.
Tudo que move esse pessoal é a destruição da ordem – constitucional e social – porque julgam necessária uma convulsão para “restabelecerem” a dita ordem.
Um dos argumentos é o questionamento de tudo que sustenta a ordenação social, inclusive a ciência.
O “Ordem e Progresso” de nossa bandeira é esculhambado – por isso eles vestem a bandeira nas costas.
Essas aparentes incoerências são coerentes com o manual golpista de pretensos ditadores, com suas táticas fascistas.
Já em 2018, Jason Stanley, professor de filosofia, descreveu no seu livro “Como funciona o Fascismo”, o modus operandi dos potenciais fascistas, que ele define como “ultranacionalistas (étnico, religioso, cultural), representados por um líder autoritário que fala em seus nomes”.
Entre as táticas adotadas estão:
- passado mítico (no Brasil, usam-se as riquezas naturais),
- propaganda (haja redes sociais; sempre em campanha),
- anti-intelectualismo (“tudo esquerdista”, “destruidores dos valores morais” …),
- irrealidade (fake news, teorias conspiratórias, infâmias e mentiras),
- hierarquia (“Meu Exército”, milícias, forças policiais),
- vitimização (“não me deixam trabalhar”, “a culpa é deles” …)
- lei e ordem (no futuro, como no Paraíso),
- apelos à noção de pátria (“se não gosta, procure outro país”),
- desarticulação da união e do bem-estar público.
O objetivo intermediário é a desumanização de grupos minoritários, que se fanatizam e se tornam capazes de levar o país à conflagração social – à guerra civil.
Esses “líderes”, populistas, se apresentam como representantes exclusivos de uma concepção idealizada de “povo”, baseada em “Deus, pátria e família”, a partir de uma visão distorcida de “bem comum”.
Promovem interesses particulares travestidos de causas comuns.
Quem discorda disso é considerado traidor do povo (de bem). E, tudo de ruim é responsabilidade dos que conspiram contra o povo.
Dia a dia, são fomentadas novas crises (artificiais) para manterem a polarização política, angariar lealdades e “hostilizar instituições de controle e aplicação da lei, a fim de capturá-las”, segundo Oscar Vilhena Vieira.
A mentira, a incompetência e a covardia são os elementos da “gestão”.
A maioria não conhece a História, mesmo a nossa.
Não sabem que em setembro de 1937, o governo Vargas divulgou um “documento”, atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas. Anos mais tarde, ficaria comprovado que o documento foi forjado com a intenção de justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.
O problema é que haveria eleições no ano seguinte e o presidente queria manter-se no cargo – com plenos poderes.
Não sabem da existência do Partido Integralista (AIB), nos anos 1930, liderado por Plínio Salgado.
Os integralistas enxergavam a nação como um organismo em estado de profunda crise, ameaçado em sua unidade e ferida de morte pela corrupção.
Não sabem, sequer, do golpe de 1964,
As ameaças se repetem: comunistas e olho grande nas nossa riquezas, além da corrupção (dos outros).
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