
Geert Hofstede (1928-2020) se dedicou, há cerca de 30 anos, a compreender as complexidades culturais do nosso pequeno mundo.
Ele classificou e mediu as manifestações culturais em cinco dimensões:
- Distância ao poder,
- Individualismo versus coletivismo,
- Masculinidade versus feminilidade,
- Aversão a incerteza,
- Orientação a longo prazo versus a curto prazo.
A dimensão “Distância ao poder”, por exemplo, mede como as sociedades lidam com as desigualdades entre as pessoas: as pessoas em sociedades com pontuação alta nesse aspecto aceitam uma ordem hierárquica em que todos têm um lugar.
Já as sociedades com baixas pontuações constantemente desafiam as desigualdades de poder.
Nesses 30 anos, todas as culturas reduziram sua pontuação: o mundo é menos hierárquico e exige mais justificação perante as desigualdades, mas a diferença entre os países permaneceu a mesma.
Numa entrevista há dois anos, Hofstede constata que “o mesmo se aplica ao Individualismo: todas as culturas se tornaram mais individualistas em comparação com 30 anos atrás.
Espera-se que pessoas de todas as culturas cuidem de si mesmas e de suas famílias. Hoje, a autoimagem das pessoas é mais definida em termos de ‘eu’ do que ‘nós’.”
Ele acresceu outra dimensão, “indulgência versus moderação”, para aferição dos sentimentos subjetivos de felicidade.
Indulgência significa uma satisfação relativamente livre de desejos básicos e humanos, estando relacionada a aproveitar a vida e se divertir.
Seu oposto, moderação, significa a convicção de que tal gratificação deve ser contida e regulada por normas sociais estritas.
A geração mais jovem em todos os países passou para o polo da ‘indulgência’.
Quando Hofstede fez suas pesquisas, em 1991, observou que empresas com filiais em outros países tinham diferença em seu funcionamento, ainda que tivesse o mesmo método de gestão da matriz. Ele atribuiu essa diferença à cultura do país de acolhimento e constatou que não existe um método universal de gestão; este deve ser baseado e adaptado à cultura local.
Na pesquisa original, o Brasil aparece, na categoria Distância ao Poder com o valor 69. Significa que a população está propensa a aceitar a distribuição do poder. Sabemos disso, pouco questionamento em relação aos poderosos e às desigualdades. Herança católica.
Já para o segmento Individualismo o valor atribuído foi 38, que representa que
o Brasil é um país coletivista, no qual as pessoas se vêem interligadas.
Empresas podem usar isso no sentido de estimular a amizade e o companheirismo, a criatividade no desenvolvimento de atividades que envolvem liderança e a participação em equipe.
Por outro lado, isso gera protecionismo, que pode ser refletido na relação de parentesco ou amizade.

Fonte: https://www.hofstede-insights.com/product/compare-countries/