“A estupidez não é o meu forte” (Paul Valéry, em Monsieur Teste)

“A inquietação e a futilidade dividem nossos dias.” (Paul Valéry, 1871-1945)

Paul Valéry, no final do século XIX, antecipava o fim do homem e algumas transformações pelas quais estamos passando.

VENTO DO NORDESTE (Valéry)

O homem ainda não começou seu trabalho: está ainda preparando suas ferramentas. Quando chegar o momento, dificilmente conservará o nome de homem…

(O grande vento que faz, que assobia na lareira, me sopra insanidade). Que aquisição a memória!…

Quando o homem tiver reconhecido que é nada, então poderá começar. Poderá a inteligência ou desaparecer ou substituir tudo? Ela começará a construir.

As questões, os enigmas necessários terão sido rebaixados. Nascer, sofrer, morrer não serão mais dificuldades. Haverá muito que a energia, os materiais, os seres vivos auxiliares estarão à disposição. O comércio e a indústria não mais existirão. Haverá uma única ciência e ela será quase inata.

A terra será apenas uma cidade. Nada mais se fará naturalmente — isto é, às cegas.

“Valéry focaliza a ‘antropomorfose’, o devir do homem. O homem não conservará o nome de homem. Ele não concede ao homem o nome de ‘super-homem’ (pois ele não pensa em Nietzsche; talvez porque não pense em termos de valores). O encadeamento é rápido: reconhecimento de ser nada e a bifurcação possível entre o desaparecimento e a substituição normal, a clonagem imortal de sua onipotência.” (Michel Déguy)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Um comentário em ““A estupidez não é o meu forte” (Paul Valéry, em Monsieur Teste)

  1. Haverá uma única ciência e ela será quase inata.
    A terra será apenas uma cidade. Nada mais se fará naturalmente — isto é, às cegas. Infelizmente sou obrigada a concordar com os devaneios de Paul Veléry que diz: A inquietação e a futilidade dividem nossos dias.” (Paul Valéry, 1871-1945)

    Paul Valéry, no final do século XIX, antecipava o fim do homem e algumas transformações pelas quais estamos passando. Estamos vivendo anos de futilidade e inquietação. Isso é fato. Os que não podem viver a futilidade vive a inquietação. Só a maturidade nos faz ver que nada disso nos levará a lugar algum. E o autor cita no texto que isso nos levará a morte. Desde muito tempo com o avanço da ciência e tecnologia (quero deixar claro que não sou contra a ciência e a tecnologia) ao contrário, são necessárias, mas nunca se viu nos últimos tempos tanto progresso da ciência e da tecnologia a nível mundial e tantas vidas dizimadas, como previa Paul Veléry no século XIX.O assunto é vasto, complexo e paradoxo. Deixo aqui minha modesta e superficial opinião.

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