
O homem não é o centro do mundo; ele terminará por assimilar isso. A interdependência é o que rege a natureza – o homem é parte.
Nada é durável; a impermanência dita o ritmo: não adianta apegar-se a ideias, coisas ou pessoas. A segurança está na adaptação.
A vida flui e deve ser fruída. Ela se consome e se renova a cada momento.
Visão sem atenção é como comer algo insípido. As cores se combinam, se graduam, se omitem para acabar com a monotonia. A fala se alterna, se inventa, muda de tom para se insinuar.
Aprender é um jogo de superposições; às vezes a lição está acima, ainda não chegou; noutras, é uma carta a ser recuperada e combinada.
Glória é um princípio de loucura, de perda de si. Sucesso é o reencontro consigo, ou a centralização da consciência.
A riqueza está na frugalidade, no não precisar. Acumular é, além de desequilibrante, um fetichismo consumista insensato.
O poder é a capacidade de influência; ele não é outorgado, emana.
Dinheiro, valor de troca, não troca valor, mas o uso. Dinheiro, como reserva de valor, reserva falsos valores; valoriza a falta de reservas – morais, inclusive.
Ser o melhor é consequência do fazer melhor, fruto do pensar, da prática e da oportunidade.
O sentido da nossa existência, mesmo não evidente, é compor, agregar, multiplicar por divisão, diminuir arestas, aceitar o diferente como igual, não desprezar os menores, apoiar o erguimento dos necessitados, tudo com abnegação. Os que agem diferentemente, estão perdidos: procuram o sentido apenas nos sentidos.
“O mais alto objeto de criação nos aponta hoje o impensável, com o qual devemos agora aprender a viver da maneira mais humana e completa possível” (Patrick Chamoiseau)
A ignorância não nos deve angustiar, é parte do aprendizado: “Quem aumenta seu conhecimento aumenta sua ignorância”, dizia Schlegel.
“O espanto ininterrupto leva à interrogação ininterrupta”, lema de Morin.
“… quanto mais ele se elevava
menos ele entendia
o que era a nuvem tenebrosa
que iluminava a noite” (João da Cruz)
O mistério está na “nuvem tenebrosa”, que está fora de nosso alcance. É uma alegria, entretanto, persegui-lo.
“O homem é um mistério. Se dedicarmos nossa vida inteira a esclarecê-lo, não teremos perdido nosso tempo.
Eu me ocupo desse mistério, pois quero ser um homem.” (Dostoiévski)
Para Heráclito, cinco séculos a.C., a harmonia e a desarmonia se combinam, o que concorda e o que discorda se unem, e, se o conflito não é o pai único de todas as coisas, pois é inseparável da união, Eros e Tânatos estão, ao mesmo tempo, em complementaridade e antagonismo permanentes.