(Dedicado para aquele que não vai chegar)
(por Márcio Kazuo Teramoto)

Dor maldita que não sai da alma.
Punhal que teima em ferir o coração.
Me leve, me carregue para longe desta dor.
Como me curar se vivo ainda a doença?
Nada mais é colorido, nada mais é música.
Tudo é escuro, sem som, só dor.
Pedaço de mim arrancado a força.
Como se pode amar tanto alguém que não conhecemos?
Que não trocamos palavras ou afagos?
Só posso imaginar sua voz e seu sorriso.
Como pode ir embora sem que eu te conhecesse?
Sua voz, seu sorriso, seu choro, seu rosto?
A minha voz conhece bem, consegue ouvir.
Os tantos eu te amo que falei perto de ti.
E eu? Como fico?
Sol nascendo e eu imagino você ao meu lado.
Sorrindo e apontando o céu.
Imaginando formas nas nuvens.
Sentindo o perfume das flores e você me dizendo:
“- Como cheira bem”
Olho para o lado e estou só.
Partir sem ter chegado.
Me deixando a imaginar quantas travessuras você faria.
A mim, só me resta o choro contido.
O coração despedaçado.
E uma imensa saudade de quem eu não conheci.
Algumas saudades nascem do amor e, por tanto amar, se veste da sacralidade.
Que Ser abençoado aquele que, ainda sem nascer, recebe todo o amor possível.
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