
“O mundo é minha representação. (…) Todo objeto, seja qual for a sua origem, é, como objeto, sempre condicionado pelo sujeito, e assim essencialmente apenas uma representação do sujeito”. (Arthur Schopenhauer)
O viver intensamente, as ações espontâneas como celebrações apaixonadas, são razões tolas? Há tolice no viver? A vida não seria muito mais do que qualquer representação?
Michel Maffesoli privilegia uma nova sensibilidade, a da “intensidade trágica, pela qual a medida da vida é viver sem medidas”.
A velocidade foi (ainda é) a marca do drama moderno, ‘exigência’ do desenvolvimento (científico, tecnológico, econômico) refletido culturalmente.
Hoje, fala-se (sem constrangimentos) da lentidão e da ociosidade como valores, âncoras, para lidarmos com o caos instituído.
“A vida não é mais que uma concatenação de instantes imóveis, de instantes eternos, dos quais se pode tirar o máximo de gozo.”
É preciso conferir presença à vida, dando seu valor a uma porção do presente, favorecendo o sentimento de pertencimento tribal, considerando-se a vida ‘ordinária’, a vida banal, o solo da renovação comunitária.
Na modernidade tínhamos a pretensão da ‘totalidade‘, a minha, do mundo, do Estado. Na atual pós-modernidade, a preocupação é com a “interidade”, ou seja, a perda do pequeno Eu em um Si mais vasto, e da alteridade, natural ou social.
Maffesoli assinala a passagem de um tempo monocromático, linear, seguro, o do projeto, a um tempo policromático, trágico por essência, presenteísta e que escapa ao utilitarismo.