
Em 1879, Jules Verne escreveu um romance que contemplava sua utopia, a France-Ville, uma cidade modelo onde a higiene e a educação seriam suas bases.
Assim como a ilha de Utopia de Thomas More, são utopias ‘positivas’. Descrevem locais com abundância de riquezas e paz. Um sossego. Etimologicamente, entretanto, utopia refere-se a um “não lugar”, um lugar inexistente.
Há, em contraponto, as distopias, que exploram a veia contestatória ao existente, exagerando-o.
Ainda, temos o que Ernst Bloch classificaria e “utopia concreta”, no sentido de que são localidades concebidas pelas ideias de seu criador, como a Colônia Cecília aqui no Brasil, no século XIX – um experimento anarquista já comentado aqui.
Não deixa de ser ‘utopia’ as cidades planejadas, premiadas com as visões nada democráticas de urbanistas, que normalmente pensam em tudo, menos nas pessoas – caso de Brasília, por exemplo.
Entretanto, como diz Jung Mo Sung, “… se não tomarmos cuidado poderemos cair no equívoco de acreditarmos, porque desejamos, que é possível construir um mundo à imagem e à semelhança de nossos desejos.
Quem crê nessa possibilidade de um mundo configurado pelo próprio desejo costuma fazer uma simplificação da realidade natural e social e criar uma noção de sujeito ‘messiânico’ capaz de moldar a história segundo o desejo de instaurar definitivamente o Bem e a Justiça no interior da história humana. (…)”
Reconhecer a complexidade da realidade social é reconhecer os limites humanos.
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