“Eu sou eu e minha circunstância, se não salvo a ela também não salvo a mim”, pensava Ortega y Gasset.

Para ele, a existência real é um núcleo em torno do qual circundam outras vidas possíveis que teriam sido vividas se, ao invés de um curso, tivesse o sujeito feito outro.
Se, ao contrário de me casar com alguém, tivesse escolhido outro ou outra parceira, se, ao invés de um trabalho, a opção fosse outra, minha vida seria outra. A vida do homem é um fenômeno específico que brota de escolhas e de possibilidades que acompanham o núcleo central que, não tendo sido, poderiam. A vida é um destino construído com escolhas entre muitas outras possíveis.
Concebia a vida como a tarefa de vencer a circunstância, no quanto ela impede a realização do projeto vital individual.
“(…) ao escolher vamos tecendo nossa vida, alterando a circunstância”.
Circunstância, caracterizava, “(…) é tudo o que rodeia o eu: a realidade cósmica, a corporalidade, a vida psíquica, a cultura em que se vive, nela incluídas as experiências acumuladas no tempo”.
Viver não consiste em ser, mas em acontecer. Viver é atuar num mundo que não se escolhe, o que traz para cada um um misto de insegurança e naufrágio permanentes.
Essas circunstâncias – dificuldades -, entretanto, são os nossos problemas mas também soluções, a partir dos quais construímos nosso mundo.