A moral maquiavélica era pragmática, suportada pela observação atenta da realidade: ao bom e ao justo não cabe corrigir o mal, mas apenas defender-se dele. A astúcia de alguns pode estar nos rodeando, tentando nos conduzir, como títeres, para fins e situações pensados por outros. A vitória nem sempre cabe aos bons, mas geralmente aosContinuar lendo “Maquiavelicamente III”
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Deus na cultura média
COMO DEUS FALA AOS HOMENS (Affonso Romano de Sant’Anna) “Houve um tempo em que Deus falou em hebraico. Houve um tempo em que Deus falou em grego. Depois começou a falar em latim. E a partir daí falou em muitas línguas, aliás, até mesmo em dialetos. Atualmente há quem garanta que ele fala em inglês.Continuar lendo “Deus na cultura média”
Otimista, com os olhos abertos
“Caminhamos para um novo universo. E, sem dúvida, é nesse que tudo vai bem; porque, convenhamos, o que ocorre no nosso, física e moralmente, justifica ligeiros lamentos” Assim falava Cândido, contrariado. Afinal, seu mentor, Pangloss, repetidamente lhe “provara” que os bens da terra são comuns a todos os homens, e que temos, cada um, iguaisContinuar lendo “Otimista, com os olhos abertos”
“Sê leal contigo mesmo”
Em Hamlet, Polônio é o primeiro-ministro da Dinamarca e conselheiro do rei; pai da infeliz Ofélia e de Laertes. Como político, é escorregadio, equilibrista e camaleônico, um pioneiro da PNL: fala o que o interlocutor quer ouvir, num esforço de rapport – o empático “profissional”. Há um momento em que Polônio vai chamar Hamlet paraContinuar lendo ““Sê leal contigo mesmo””
“Os céus nos usam assim como nós usamos as tochas: não as acendemos para que se iluminem a si mesmas.”
“Breve é a vida, longa é a arte”, dizia Hipócrates (460-377 a.C.). A vida é um sopro – divino ou não – e se dissipa; a arte, criada pelo mortal, vence a morte e imortaliza seu criador. Shakespeare morreu em 1616, há 405 anos, aproximadamente 15 gerações atrás, mas sua obra está presente nos nossosContinuar lendo ““Os céus nos usam assim como nós usamos as tochas: não as acendemos para que se iluminem a si mesmas.””
“Eu sei de uma cura para tudo: água salgada. Suor, lágrimas, ou o mar.”
Karen Blixen era baronesa. Nasceu Karen Christentze Dinesen. Foi uma escritora dinamarquesa, mas escrevia em inglês por fidelidade à língua de seu amante falecido e, de seu amado, Shakespeare. Adotou o pseudônimo “Isak”, aquele que ri. Mulher escritora, vocês sabem, não era uma boa ideia. Sua mãe fora uma defensora do voto feminino, ativa naContinuar lendo ““Eu sei de uma cura para tudo: água salgada. Suor, lágrimas, ou o mar.””
Vênus e Adônis
Adônis era um jovem que só se interessava por caçadas. Mas Vênus se apaixonou por ele, e procurou possuir carnalmente (ou fazer-se possuir) o belo jovem. Adiante veremos o porquê. Há basicamente duas versões sobre essa história, a de Ovídio (Metamorfoses), e a de Apolodoro – ou Pseudo-Apolodoro. Esclarecendo: alguém fez um compêndio sobre osContinuar lendo “Vênus e Adônis”
Abandono emocional
“Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer”, dizia Maria Rita Kehl, em 2004. O ressentimento é uma das ‘paixões tristes’, conforme Espinoza. A raiz da palavra “paixão” nos remete a páthos – a mesma origem de “patologia”. As paixões tristes, para Espinoza, são aquelas que diminuem a potência de agir do indivíduo.Continuar lendo “Abandono emocional”
Solidão
Viver só não é um ‘problema’ para quem se dá bem consigo, para os que têm uma riqueza interior que o contenta, como a gordura que nos mantém nos jejuns. O mundo que carregamos pode, ou não, gerenciar sua energia, ou somos satélites. Solidão é uma praga dos nossos tempos, apesar – ou talvez porContinuar lendo “Solidão”
“Preocupai-vos demais com este mundo”
(O Mercador de Veneza, de Shakespeare) Disse Graciano ao amigo Antônio. – “O mundo, para mim, é o mundo, apenas. Um palco em que representamos todos nós, um papel”, responde Antônio. – “Conheço muita gente que é tida como sábia, tão-somente por não dizer nada”, complementa Graciano. – “Graciano fala sempre uma infinidade de nadas”,Continuar lendo ““Preocupai-vos demais com este mundo””