“O poema tem que resistir à inteligência, até quase conseguir”

“Não há mudança de morte no paraíso?A fruta madura nunca cai? Ou faça os ramosPendure sempre pesado naquele céu perfeito,Imutável, mas tão parecido com nossa terra perecendo,Com rios como o nosso que procuram maresEles nunca encontram, as mesmas margens recuandoQue nunca toque com angústia inarticulada?Por que colocar a pera nas margens do rioOu temperar asContinuar lendo ““O poema tem que resistir à inteligência, até quase conseguir””

Não há razão para ter razão em nada

(Paulo Henriques Britto) Não há razão pra ter razão em nada. Que precisão tem o amor de linhas retas se paralelas afinal são nada mais que a garantia do infinito desencontro? Olhai à vossa volta, ó assinantes de jornais, Ó vós que devorais com bom proveito as bulas abissais dos antiácidos, quantas volutas de paixãoContinuar lendo “Não há razão para ter razão em nada”

De vulgari eloquentia

A realidade é coisa delicada, de se pegar com as pontas dos dedos. Um gesto mais brutal, e pronto: o nada. A qualquer hora pode advir o fim. O mais terrível de todos os medos. Mas, felizmente, não é bem assim. Há uma saída – falar, falar muito. São as palavras que suportam o mundo,Continuar lendo “De vulgari eloquentia”

Biodiversidade

Há maneiras mais fáceis de se expor ao ridículo, que não requerem prática, oficina, suor. Maneiras mais simpáticas de pagar mico e dizer olha eu aqui, sou único, me amem por favor.  Porém há quem se preste a esse papel esdrúxulo, como há quem não se vexe de ler e decifrar essas palavras bestas estrebuchando inúteis, cágados com as quatro patasContinuar lendo “Biodiversidade”