“Os abismos do mesmo abismo: ser”

Estou envelhecendo e a impressão que tenho da vida cabe num substantivo. Não vou dizê-lo aqui, só no meu epitáfio; ainda tenho compromissos com esta vida. Não quero estar certo, pois isto é perigoso. Resta uma voz que mistura esperança e dor, o que dá um certo cansaço. “Estes fragmentos, eu os recolhi entre minhaContinuar lendo ““Os abismos do mesmo abismo: ser””

O homem merece a liberdade?

O Utilitarismo é irmão siamês do Liberalismo. Jeremy Bentham (1748-1832), pai do Utilitarismo, um defensor das ideias de Adam Smith (1723-1790), argumentava que cada pessoa era o melhor juiz de seus próprios lucros, que não deveria haver empecilhos criados pelos governos, inclusive com relação a se emprestar dinheiro a juros (usura), tema em voga naContinuar lendo “O homem merece a liberdade?”

Ruína humana

A vida não é fácil, principalmente se não sentimos que somos valorizados – até por nós mesmos. O sistema social – em qualquer regime político – pode nos anular, por nos retirar a liberdade. A liberdade é um valor primário; sem ela perdemos nossa razão; razão de existir. No comunismo o Estado nos tira aContinuar lendo “Ruína humana”

Educar para o quê?

Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) foi um pedagogo suíço, de formação protestante, mas que se considerava um cristão, sem defender uma religião específica. Viveu numa época na qual o capitalismo se consolidava, juntamente com os ideais de liberdade e igualdade – principalmente para a ascendente sociedade burguesa liberal. A tal da fraternidade nunca foi forte. AContinuar lendo “Educar para o quê?”

Determinismo ou liberdade?

Numa entrevista concedida a Betty Milan, Octavio Paz resigna-se ao determinismo: “… em cada ato humano há uma dose de determinismo, mas este não pode se realizar sem a liberdade, que, por sua vez, necessita do destino para se realizar. Podemos dizer que, se a liberdade é uma condição da necessidade, o inverso também éContinuar lendo “Determinismo ou liberdade?”

Abandono emocional

“Ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer”, dizia Maria Rita Kehl, em 2004. O ressentimento é uma das ‘paixões tristes’, conforme Espinoza. A raiz da palavra “paixão” nos remete a páthos – a mesma origem de “patologia”. As paixões tristes, para Espinoza, são aquelas que diminuem a potência de agir do indivíduo.Continuar lendo “Abandono emocional”

O lobo e o cão (Fedro)

“Que a liberdade tem encantos – eis o que lhes vou mostrar em poucas palavras. Um cão grande e gordo encontrou por acaso um lobo magro e desfeito. Depois de se cumprimentarem mutuamente, pararam: – Donde vens – perguntou o lobo – que és tão brilhante, e com que viandas adquiriste essa tão grande corpulência?Continuar lendo “O lobo e o cão (Fedro)”

“Outro dia, quando saí para tomar um pouco de ar perto da casa de Tom Paine …” (Bob Dylan)

Thomas Paine era britânico. Viveu entre 1737 e 1809. Participou de duas revoluções, a da Independência americana (é um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos) e da Revolução Francesa. “Participar em duas revoluções é viver para algum propósito”, escreveu para Washington. Não era um revolucionário “radical”; só queria liberdade, paz universal, civilização e comércio. SuaContinuar lendo ““Outro dia, quando saí para tomar um pouco de ar perto da casa de Tom Paine …” (Bob Dylan)”

“Se você me perguntar do que reclamo, minha resposta seria clara e sucinta: liberdade.” (Sakharov)

Andrei Sakharov (1921–1989) é considerado o pai da bomba de hidrogênio soviética. No entanto, mais tarde ele se tornou um forte crítico do programa soviético de armas nucleares e da falta de liberdade política do sistema. Abriu mão de todos os privilégios para desafiar o regime soviético, ao partir na sua cruzada pela liberdade. Na URSS,Continuar lendo ““Se você me perguntar do que reclamo, minha resposta seria clara e sucinta: liberdade.” (Sakharov)”

O legado de Confúcio

K’ung Ch’iu, conhecido no Ocidente como Confúcio, teve uma ascendência sobre o Leste Asiático, especialmente na China, como nenhum outro. Talvez Lao-Tsé, fundador do taoismo, e Sidarta Gautama se equiparem. Nesta região, foi Confúcio, não Moisés, quem legou os padrões para a moralidade humana. Foi Confúcio, não Locke ou Jefferson, quem moldou a relação entreContinuar lendo “O legado de Confúcio”