“Ao entrar no Recife, Não pensem que entro só. Entra comigo a gente que comigo baixou por essa velha estrada que vem do interior; entram comigo rios a quem o mar chamou, entra comigo a gente que com o mar sonhou, e também retirantes em quem só o suor não secou; e entra essa genteContinuar lendo “Insurgente por natureza”
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Colette Catta, uma homenagem
Muitos de nós tendem, às vezes, a perder a esperança na humanidade. A falta de empatia, solidariedade, compaixão, ou caridade cristã, diariamente divulgada sem rubor nas redes sociais e outros meios, principalmente por pessoas com supostas responsabilidades políticas, leva-nos a esquecer que esses não nos representam; são apenas desvios. Há exemplos de pessoas anônimas que,Continuar lendo “Colette Catta, uma homenagem”
“Ninguém – Também?/ Então somos um par?”
Mais poesias. Algo que valha a pena, neste mundo sufocante. Algo inútil. Aquilo que antes de contrariar, possa expandir. Cercar-se de ares frescos, mesmo pútridos. Poesia como via João Cabral: “Isto não presta para nada, e no entanto está aqui a minha vida inteira.” Ou, como protestava Maria Tsvietáieva: “Não amo o mar; o marContinuar lendo ““Ninguém – Também?/ Então somos um par?””
Fome!
Em 1929, com apenas 20 anos de idade, Josué de Castro formou-se na Faculdade de Medicina da atual UFRJ e, em seguida, foi estagiar por alguns meses nos Estados Unidos. Depois, voltou para Recife, abriu um consultório, e pouco depois foi contratado por uma fábrica local para cuidar de trabalhadores com um estranho problema deContinuar lendo “Fome!”
“Não é circo. É a lei que monta o espetáculo”
Num 13 de janeiro, em 1825, Frei Caneca era fuzilado (arcabuzado). Os carrascos haviam se negado a enforca-lo. Como religioso, insistia numa religião ética, que não valorizasse apenas os ritos e cultos. Advogava a necessidade da união entre fé e vida. Contestava uma religião com preocupações meramente dedicadas à manutenção do rebanho de fiéis, apenasContinuar lendo ““Não é circo. É a lei que monta o espetáculo””
“… natural, simples, humano, fiel a si mesmo: este é o perfil de Brossa …”
Joan Brossa (1919 – 1998). Esse poeta é ícone de criatividade; sua obra se caracteriza pela experimentação e pelo humor, é engajada e irônica. Sua obra poética está ligada às suas raízes catalãs e à denúncia social. Artista múltiplo; seus territórios eram artes plásticas, teatro, música, cinema, cultura popular, design gráfico, circo, cabaré e, política.Continuar lendo ““… natural, simples, humano, fiel a si mesmo: este é o perfil de Brossa …””
O cão sem plumas (trecho)
(João Cabral de Melo Neto) A cidade é passada pelo riocomo uma ruaé passada por um cachorro;uma frutapor uma espada. O rio ora lembravaa língua mansa de um cãoora o ventre triste de um cão,ora o outro riode aquoso pano sujodos olhos de um cão. Aquele rioera como um cão sem plumas.Nada sabia da chuvaContinuar lendo “O cão sem plumas (trecho)”
Janelas
Há um homem sonhando numa praia; um outro que nunca sabe as datas; há um homem fugindo de uma árvore; outro que perdeu seu barco ou seu chapéu; há um homem que é soldado; outro que faz de avião; outro que vai esquecendo sua hora seu mistério seu medo da palavra véu; e em formaContinuar lendo “Janelas”