A historiografia oficial não é neutra, nem necessariamente tem compromisso com a verdade factual; ela traduz o que convém aos mandantes e cria um repertório que se coaduna com os interesses de grupos que se beneficiam, no processo histórico. A persistência em se celebrar o “descobrimento” do Brasil por Pedro Álvares Cabral é um dessesContinuar lendo “Jô Soares, Pinzón e o Cabo de Santo Agostinho (por José Ambrósio dos Santos)”
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Fronteiras nacionais
“Os paulistas transportaram para o seio das florestas as epopeias que os portugueses tinham cinzelado nos seios dos mares.” (Capistrano de Abreu) Essas “bandeiras” eram movidas pela ganância, violência e fé. A gana por riquezas e a captura de índios para o trabalho escravo eram os motivos, os outros eram os meios. As escolas ensinamContinuar lendo “Fronteiras nacionais”
Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
“Capistrano mergulhara nos estudos históricos não para tirar deles ensinamentos, vulgarização, glória, a perfeição duma obra completa, mas pela avidez de saber, de fartar sua curiosidade peculiar, própria, de se sentir senhor, para gáudio seu, dos segredos do passado. Não havia no seu espírito a menor preocupação com o grande público. Proclamava-se a contragosto membroContinuar lendo “Artigo 1º – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.”
Os dilemas de Frei Vicente
“O dia em que o capitão-mor Pedro Álvares Cabral levantou a cruz, era 3 de maio, quando se celebra a invenção da Santa Cruz, em que Cristo Nosso Redentor morreu por nós, e por esta causa pôs nome à terra, que havia descoberta, de Santa Cruz, e por este nome foi conhecida muitos anos: porémContinuar lendo “Os dilemas de Frei Vicente”
“Punge-me sempre, cada vez mais a dúvida: o brasileiro é um povo em formação ou em dissolução?” (Capistrano de Abreu)
Capistrano de Abreu (1853-1927) era cearense e foi viver, às próprias custas, no Rio, aos 21 anos. Ao envelhecer, assistia a uma profunda crise dos valores e da linguagem pública. Comungava com José Bonifácio, que morrera em 1838, um amargor pela condução do país. Para Bonifácio, “no Brasil, o real vai além do possível.” “EsqueçaContinuar lendo ““Punge-me sempre, cada vez mais a dúvida: o brasileiro é um povo em formação ou em dissolução?” (Capistrano de Abreu)”
“Só eu sei que o sol nasce nos ladrilhos da cozinha”
“Tinha quatro anos quando fiquei densa, pesada de uma estranha sabedoria. Morávamos na Rua Maranhão, em São Paulo. Certa madrugada, a casa ainda escura, desci as escadas. Deslizei pelas salas, abri a porta da cozinha suspendendo-me nas pontas dos pés. E aí tive a grande revelação: o sol nascia nos ladrilhos brancos. O sol estavaContinuar lendo ““Só eu sei que o sol nasce nos ladrilhos da cozinha””