A fantasia desfeita

Com e após o governo de Kubitscheck o país se encheu de confiança e até sonhou que teria jeito; que não estava condenado, nós é que o enterrávamos a partir de nossa ‘inválida vontade’ e mísera descrença no potencial humano. Esse ambiente entusiasta também contagiou Celso Furtado, e nunca o abandonou. Hoje, 26 de julho,Continuar lendo “A fantasia desfeita”

Safo

Cai a lua, caem as plêiades eÉ meia-noite, o tempo passa eEu só, aqui deitada, desejante. Safo nasceu em Lesbos, uma ilha grega no mar Egeu, no século VI a.C. Era pequena e morena, conta-se, e seu amigo, o poeta Alceu, descrevia-a com “cabelos violeta e sorriso puro de mel”. Teria se casado com umContinuar lendo “Safo”

“Um homem notável tem filhos notáveis”

Assim pensava sir Francis Galton, um dos propulsores da eugenia, com suas ideias sobre determinismo biológico. Era primo de Darwin. Galton era um polímata – um gênio, diriam, ou “o cão chupando manga”, na minha região – com um Q.I. de quase 200: médico, cientista, meteorologista, estatístico (os conceitos de ‘correlação’ e ‘regressão à média’Continuar lendo ““Um homem notável tem filhos notáveis””

Matéria e forças

Carlo Rubbia descobriu as partículas (bósons) W e Z – mediadoras da ação fraca – que respondem pela radioatividade beta dos núcleos atômicos. Esse trabalho foi realizado em conjunto com Simon van der Meer, no Cern, em 1983. Nobel para ambos. Hoje, Rubbia é senador vitalício na Itália. “Quando observamos a natureza, ficamos impressionados comContinuar lendo “Matéria e forças”

“De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?”

O título acima foi o nome dado por Gauguin a este quadro. Ele inspirou o biólogo Edward O. Wilson a escrever seu livro “A conquista social da Terra”, no qual apresenta sua visão da evolução, da natureza e da sociedade humanas, de forma esperançosa porém cautelosa. No centro de tudo, a tensão permanente entre egoísmoContinuar lendo ““De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?””

No espaço e no mar profundo

A geóloga, oceanógrafa e ex-astronauta norte-americana Kathy Sullivan, de 68 anos, é a primeira pessoa a caminhar no espaço e mergulhar até o ponto mais profundo do oceano, sonho de muitos exploradores. Em 1984, Sullivan foi a primeira norte‑americana a concluir uma viagem espacial e a realizar uma caminhada no espaço. Após se desligar daContinuar lendo “No espaço e no mar profundo”

Saadi

(Trechos de O Jardim das Rosas, na tradução de Aurelio Buarque de Hollanda, 1952) O Idiota Certo vizir tinha um filho idiota. Mandou-o estudar com um sábio, a quem disse: – Cuida desse menino. Talvez ele se torne inteligente. Durante alguns meses o sábio ensinou à criança, sem nenhum resultado. Desiludido, escreveu ao pai: “TeuContinuar lendo “Saadi”

Corta-jaca

“Neste mundo de misériasQuem imperaÉ quem é mais folgazãoÉ quem sabe cortar jacaNos requebrosDe suprema, perfeição, perfeição (…)” (Corta-jaca, de Chiquinha Gonzaga) O “maxixe” de Chiquinha Gonzaga intitulado “Gaúcho”, conhecido como “Corta-jaca”, foi executado por Nair de Teffé, ao violão, em fina “soirée” no Palácio do Governo, a que compareceram representantes do corpo diplomático eContinuar lendo “Corta-jaca”

A inefetividade do Estado

“A teoria conservadora do estado deve afirmar o estado, porque e na medida em que representa uma obrigação. Também deve, no entanto, impedir que o estado se torne a única obrigação, de se tornar o ‘estado total’. (…) E esse significado e objetivo, isto é, poder, é mau e desmoralizante, destrutivo, se não está vinculadoContinuar lendo “A inefetividade do Estado”

Uma paixão abstrata

Matemática não é para mulheres. Será? Não é verdadeiro esse preconceito, senão seria fácil para os homens, todos. Não é para mim, sei disso, apesar dos esforços; meus professores conseguiram torná-la “indesejável”. Vejam o caso de Sofia Vasilyevna Kovalevskaya, nascida em 1850 na Rússia. Quando criança, seu quarto era revestido com papel de parede. Curiosamente,Continuar lendo “Uma paixão abstrata”