Mikhail Gorbachev foi o último líder da URSS, entre 1985 e 1991. Hoje ele se foi, aos 91 anos. Visionário ou ingênuo, percebeu que o regime soviético não resistiria no seu formato engessado e lustroso, tanto militar quanto economicamente. Procurou alternativas para a sobrevida do regime. Acompanhei com interesse esse esforço: a Perestroika, uma reestruturaçãoContinuar lendo “Imaginava “um socialismo humano e democrático””
Arquivos da categoria: Biografia
“Incerto, incauto renasço a cada dia” (Adonis)
Ali Ahmad Said Esber é um poeta sírio. Adotou o pseudônimo de Adonis em referência a uma fábula fenícia que se irradiou na mitologia grega. Na mitologia, Adonis atraiu o amor de Afrodite e de Perséfone. Problemas. Uma mulher só já requer atenção; duas desestabilizam. Vocês viram o debate de ontem. Ares, amante de AfroditeContinuar lendo ““Incerto, incauto renasço a cada dia” (Adonis)”
A ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo (Sagan)
Carl Sagan escreveu “O Mundo Assombrado pelos Demônios” em 1995. Foi seu penúltimo livro. Nele, nota-se uma preocupação com o negativismo científico, consequência do que chamava de analfabetismo científico. Para ele, a ciência era como uma vela no escuro. Citava Isaías: “Esperamos pela luz, mas contemplamos a escuridão”. Dedicou parte de sua vida à divulgaçãoContinuar lendo “A ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo (Sagan)”
A Quarta Teoria Política
A Rússia voltou à cena geopolítica, pretendendo ser protagonista. Após ser menosprezada nos anos 1990, quando do fim da URSS, tem se preparado para recuperar sua autoestima, aliás, sua ideia de grandeza. Há alguns mentores dessa ressignificação russa no tabuleiro político. Um deles é o economista Sergey Glazyev, membro da Academia Russa de Ciências, ex-assessorContinuar lendo “A Quarta Teoria Política”
Entre o mito e a memória
Filha de um operário e de uma empregada doméstica, Lélia Gonzalez nasceu em Belo Horizonte. Era a penúltima de 18 irmãos. A exemplo do que ocorre com uma parcela considerável das mulheres negras desse país, ela trabalhou como empregada doméstica e babá. Apesar das dificuldades, Lélia Gonzalez graduou-se em História e Geografia. Em 1962, tornou-seContinuar lendo “Entre o mito e a memória”
“Se houver líderes de verdade, e a grande qualidade de um líder autêntico é nem querer dominar, nem querer perpetuar-se, o povo se une para defender os próprios direitos.” (Dom Hélder)
Assisti atentamente à leitura da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!” realizada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Lembrei-me dos idos dos anos 1970, quando, estudantes, corríamos dos cachorros (cães pastores-alemães!) do governador nomeado por suas qualidades de subalternidade – não merece ter o nomeContinuar lendo ““Se houver líderes de verdade, e a grande qualidade de um líder autêntico é nem querer dominar, nem querer perpetuar-se, o povo se une para defender os próprios direitos.” (Dom Hélder)”
O lobo da estepe
Ontem, 9 de agosto, alguns lembraram da morte de Hermann Hesse, há exatos 60 anos. Seus livros me acompanharam na juventude e me ajudaram a ver o mundo sob outras perspectivas. Ele buscava a sabedoria, não como erudição, mas como o desnudamento da oculta santidade da vida, a sacralidade do existir. Ele fora muito influenciadoContinuar lendo “O lobo da estepe”
“A maior nobreza dos homens é a de erguer sua obra em meio à devastação” (Sabato)
Ernesto Sabato viveu cem anos. Doutor em física, abandonou a ciência aos 30 anos para dedicar-se à literatura. Estava convencido de que “a razão não serve para a existência”. Nos últimos anos via o mundo moderno em tons sombrios, tempos de crises em que um certo racionalismo parece disposto a usurpar o espaço da espiritualidade:Continuar lendo ““A maior nobreza dos homens é a de erguer sua obra em meio à devastação” (Sabato)”
Poesia concreta
Eugen Gomringer nasceu na Bolívia, mas possui nacionalidade suíça. Estudou economia e história da arte. Em 1953, publicou seu primeiro livro de poemas, considerado o marco inicial da “poesia concreta”. Esse rótulo (poesia concreta) surgiria em seguida, mas no mesmo ano, quando do lançamento do Manifesto de Poesia Concreta, do sueco-brasileiro Öyvind Fahlström. No Brasil,Continuar lendo “Poesia concreta”
Tem gente com fome
Convenhamos, termos gente passando fome atualmente é um escárnio, uma maldade, uma ignorância do que é a vida. Você pode passar toda a sua vida bem nutrido, ignorando a fome que nos rodeia, mas nunca será alimentado de humanidade, a não ser que adquira uma sensibilidade pela dor alheia. A fome é atroz! Só quemContinuar lendo “Tem gente com fome”