Para onde vai o ser humano?

Temos uma grande capacidade de autoencantamento, autoilusão; achamo-nos superiores a todos os demais seres e, a aura tecnológica nos galgou a patamares pouco imaginados. Por outro lado, o ser humano é – em linhas gerais – cada vez mais oco. Perdemos densidade moral e espiritual à medida em que nos sentimos senhores do mundo. TudoContinuar lendo “Para onde vai o ser humano?”

Intocáveis

Falei noutro dia sobre os invisíveis; agora, abordo os intocáveis. Temos por aqui os que são intocáveis porque são inalcançáveis, inatingíveis, ninguém pode lhes tocar e, há aqueles que são intocáveis porque ninguém lhes quer tocar, e eles não tocam nosso coração. Os primeiros são os poderosos, principalmente os políticos, os magistrados, altos empresários, herdeiros,Continuar lendo “Intocáveis”

O futuro é desdobramento do presente

O futuro está na esquina, dobrando a esquina. O Brasil é riquíssimo, senão não desperdiçaria todas as oportunidades que surgem. Stefan Zweig veio três vezes ao Brasil. Na última, escolheu-o para estabelecer-se, fugindo da fúria nazista. Em 1941, escreveu o simbólico “Brasil, País do Futuro”. Há boatos de que ele teria sido “estimulado” a encherContinuar lendo “O futuro é desdobramento do presente”

A educação não é tudo; sem ela, porém, não se funda um futuro

A educação não garante, por si, um futuro promissor, equitativo e aspiracional. Entretanto, uma comunidade sem educação condena-se à dependência, escraviza-se aos detentores do saber, internos e externos. “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, resumia Paulo Freire. Educação, frisemos, não é mera reprodução de um conhecimento padronizado,Continuar lendo “A educação não é tudo; sem ela, porém, não se funda um futuro”

Estrada do Sol

Somos educados para reconhecermos e valorizarmos a cultura ocidental, especificamente a europeia. O mundo não se resume à Europa, apesar de sua fantástica dominação a partir da Idade Moderna. Ignoramos, em geral, a cultura oriental (exceto a bíblica), principalmente a chinesa, vietnamita, japonesa, coreana, a africana (egípcia, civilização Núbia, civilização Axumita – lembram da rainhaContinuar lendo “Estrada do Sol”

Educação, cultura e sociologia

Aleksandr Luria (1902-1977), neurologista russo, via os pensamentos simbólico e narrativo como fundadores do processo de hominização. Oliver Sacks (1933-2015) era um de seus seguidores. Luria foi um dos criadores da psicologia cultural-histórica, que enfatiza o papel mediador da cultura, particularmente da linguagem, no desenvolvimento de funções mentais superiores. Criar narrativas, dizia, significou e significaContinuar lendo “Educação, cultura e sociologia”

Complexidade

“Não basta unir o saber (a ciência) à alma (à consciência); é preciso incorporá-la àquele; não basta regá-lo, é indispensável com ela tingi-lo.” (Montaigne) Em 1982, Edgar Morin publicou “Ciência com consciência”, que deu origem ao Paradigma da Complexidade, já exposto nos primeiros volumes de “O Método”. Defendia, já então, o desenvolvimento de uma ciênciaContinuar lendo “Complexidade”

A complexidade cultural do mundo

Geert Hofstede (1928-2020) se dedicou, há cerca de 30 anos, a compreender as complexidades culturais do nosso pequeno mundo.  Ele classificou e mediu as manifestações culturais em cinco dimensões: Distância ao poder, Individualismo versus coletivismo, Masculinidade versus feminilidade, Aversão a incerteza, Orientação a longo prazo versus a curto prazo.  A  dimensão “Distância ao poder”, por exemplo, medeContinuar lendo “A complexidade cultural do mundo”

Vejam: isso logo será arqueologia

Não. A extinção dos nossos índios não será objeto de estudo da arqueologia. Uma nova ciência será criada, a recenslogia (de recente) – sugiro – um braço da etnologia para povos extintos. Lembro do incêndio do Museu Nacional – alguém se lembra? Os indígenas da Aldeia Maracanã correram até o prédio, a dois quilômetros. SaltaramContinuar lendo “Vejam: isso logo será arqueologia”

“Com um movimento de recuo podemos perceber este mundo como um todo, dizem os aborígines australianos”

Philippe Descola é um antropólogo francês, agora professor no prestigiado Collège de France. Ele realizou um estudo etnográfico de 1976 a 1979 com o povo indígena Achuar, que vive na floresta amazônica entre o Peru e o Equador. Os Achuar fazem parte do grupo Jivaros, anteriormente conhecido como guerreiros e caçadores de cabeças. É comContinuar lendo ““Com um movimento de recuo podemos perceber este mundo como um todo, dizem os aborígines australianos””