“Este é o presente, uma alegoria do desperdício”

Tristeza e isolamento. O lado sombrio da vida. Melancolia da infância, revelações da adolescência, desenganos da vida adulta, os traumas, o luto. O envelhecimento. Dessas coisas trata a poesia de Louise Glück, 80 anos. As migrações noturnas Este é o momento em que voltamos a ver/ os frutos rubros da sorveira/ e no escuro céu/Continuar lendo ““Este é o presente, uma alegoria do desperdício””

A papisa Joana

Em 1142 foi divulgado o Decreto de Graciano, uma compilação de todas as normas canônicas da época, elaborada por um monge que lhe emprestou o nome e aprovado pelo papa Eugênio III. Na prática, foi criado ali o direito canônico. Um dos seus efeitos foi afastar as mulheres estritamente da Igreja. A Igreja é patriarcal,Continuar lendo “A papisa Joana”

A isca

Enquanto restarem empregos teremos a questão da remuneração na pauta. As mudanças forçam as organizações a se adaptarem, porém, para qualquer que seja o arranjo seguido, é necessário que o vínculo do empregado com a empresa mantenha-se “satisfatório”. Esse é um assunto sempre atual. As alternativas para que se reduzam as queixas habituais (o salárioContinuar lendo “A isca”

O tempo é memória

A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para a frente. (Kierkegaard) Há tempos tento entender o tempo, não o meteorológico – que já é complexo -, mas o cronológico. Ele existe mesmo? Por que temos necessidade de determinar o tempo, de definirmos marcos temporais? Karl Popper lembrouContinuar lendo “O tempo é memória”

“Os infelizes gostam de se unir uns aos outros” (Lessing)

“O tempo que vivemos é um tempo no qual as pessoas que tomaram o poder não se importam mais com os ancestrais, não se importam com os descendentes. Como podemos raciocinar com pessoas que têm arrogância de pensar que a morte delas significa o fim do mundo?” (Lewis Ricardo Gordon) As pessoas estão perdendo aContinuar lendo ““Os infelizes gostam de se unir uns aos outros” (Lessing)”

Por que tanta maldade?

“O que eu quero é proteger-me, a mim, aos meus e à minha família. E os outros que se tramem (se lixem). (…) É preciso suplantar uma biologia muito forte”, diz António Damásio. A solução é educar maciçamente as pessoas para que aceitem os outros, complementa. O cardápio do mal é servido a partir dosContinuar lendo “Por que tanta maldade?”

Angústia de não pertencer a lugar nenhum, mas ao mesmo tempo, a todos os lugares

Os judeus passaram por várias diásporas, expulsões forçadas pelo mundo. A justificativa estaria em desobedecerem a voz de Iahweh: “Iahweh te entregará, já vencido, aos teus inimigos: sairás ao encontro deles por um caminho, e por sete caminhos deles fugirás!” (Deuteronômio 28, 25). Talvez a primeira diáspora tenha sido a expulsão de Eva e AdãoContinuar lendo “Angústia de não pertencer a lugar nenhum, mas ao mesmo tempo, a todos os lugares”

Natureza e desenvolvimento sem antagonismo

A concentração de CO2 na atmosfera superou 420 ppm (partes por milhão) em maio do ano passado, segundo a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA, em inglês). Este é o maior índice desde o começo das mensurações. Ao longo da história pré-industrial as concentrações se mantiveram consistentemente em torno das 280 ppm, por quaseContinuar lendo “Natureza e desenvolvimento sem antagonismo”

Escolhas que nos definem

Paul Cézanne, nascido num 19 de janeiro, há 184 anos, tinha uma obsessão pela Montanha de Santa Vitória, na sua cidade, Aix-en-Provence. Pintou-a mais de sessenta vezes, com crescente liberdade. A tela que ilustra o texto, foi a derradeira da série e de sua vida (morreu em 1906) Nela, “a sucessão de camadas de tintaContinuar lendo “Escolhas que nos definem”

A escravidão, como vista por Espinosa

Espinosa entendia que todos os indivíduos são expressões singulares da potência absolutamente infinita da Natureza. Essa expressão precisa ser lida e relida; e entendida. Por isso, em cada indivíduo, seu direito é idêntico ao seu poder de exercê-lo, ou idêntico à sua potência de agir. Ele cunhou a frase “direito, ou seja, poder” (jus siveContinuar lendo “A escravidão, como vista por Espinosa”