
“Acreditar que os humanos são movidos pelo interesse próprio cria uma sociedade onde a cooperação é mais difícil.” (Ha-Joon Chang)
Pensar numa empresa com ideais humanistas, preocupada com sua razão de ser na sociedade e em prestar seu serviço como uma retribuição à aceitabilidade do consumidor, torna-se difícil – ou falso – em função do pensamento egoísta dominante.
O conceito de que a competição é o motor da economia – e das vidas pessoais – torna a colaboração uma coisa excêntrica, sem sentido econômico.
Isso encurta nosso horizonte de decisões, de forma que elas frutifiquem durante nossa curta vida – sequer nos preocupamos com nossos descendentes.
Pensar no social, no ambiente e na ética é um esforço raramente genuíno; muitos que o propagam o fazem por questões de polimento da imagem.
Estabelecer uma visão aberta, que respeite as diferenças, as novidades (sócio-tecno-contextual) e a diversidade cultural é um grande desafio para os líderes que pensam gerações à frente.
Comungo do posicionamento de Fabio Alperowitch: “o retorno financeiro é, e sempre será, resultado não só de boas escolhas, mas de escolhas que sejam boas para as pessoas e para tudo o que faz vivo este planeta”.
Não nos apercebemos, mas reproduzimos o que a escola econômica neoclássica prega: que somos (devemos ser) egoístas; se agirmos de maneira altruísta corremos o risco de sermos chamados de “otário”.
Mesmo entre os economistas, são poucos os que transitam ou lembram das demais escolas, com diferentes visões e métodos de pesquisa: clássica, marxista, keynesiana, desenvolvimentista, austríaca, schumpeteriana, institucionalista, comportamentalista …
A prevalência da escola neoclássica não é decorrência de um “experimento científico”; é apenas conveniente para os detentores do poder.
A escola neoclássica é reticente (conivente) em questionar a distribuição de renda, a riqueza e o poder subjacentes à ordem socioeconômica existente, e isto, “naturalmente”, torna-a mais palatável para a elite governante (econômica e política, caudatária).
O fato é que “diferentes teorias econômicas assumem diferentes qualidades como sendo a essência da natureza humana, então a teoria econômica predominante forma normas culturais sobre o que as pessoas veem como ‘natural’ e ‘natureza humana'”, diz Ha-Joon Chang.
Até lembra o título de um livro que estou lendo: “O que você pensa que você pensa, não é você quem pensa”, de Marcelo Jugend. Os pensamentos neoclássicos estão tão arraigados nas nossas mentes que parecem “verdades”. Não vou entrar na discussão “taxa de juros x estabilidade da moeda”.
Se as correntes comportamentalista ou institucionalista, por exemplo, fossem as dominantes “acreditaríamos que os seres humanos têm motivações complexas, das quais a busca do proveito próprio é apenas uma entre muitas; nessas visões, diferentes designs de sociedade podem trazer motivações variadas e até mesmo moldar as motivações das pessoas de diversas maneiras”, continua Chang.
E, a rigor, não existe “livre mercado”; o mercado é sempre enviesado – politicamente – para atender aos líderes econômicos, ou financeiros.
A economia se tornou a linguagem do poder.
Começando pelo final do texto “E, a rigor, não existe “livre mercado”; o mercado é sempre enviesado – politicamente – para atender aos líderes econômicos, ou financeiros.
A economia se tornou a linguagem do poder.” Talvez de todo o texto o mais simplório e mais real e esse. Poderia até dizer que sou maxista, apesar de não me agradar a maneira como Karl Mark viveu. Porém, sua teoria é fascinante (O Capital) , mas o que vemos hoje é a corrida pela execração do mais forte ao mais fraco. Não temos muito o que falar, é visível ao nossos olhos a desigualdade social. E não existe economista que dê jeito nisso já que nosso sistema é capitalista. E não se rompe essa estrutura irraigada no nosso sistema econômico. Dispensa o texto comentários já que é muito claro.
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