
No começo dos tempos havia dois clãs de deuses, Aesir e Vanir, conforme a mitologia nórdica.
Os Aesir eram deuses da guerra, da batalha e da conquista; os Vanir, por sua vez, tornavam o solo fértil e faziam as plantas crescerem. Porém, os Vanir e os Aesir eram iguais em força.
Entraram em guerra mas perceberam que precisavam um do outro: não há satisfação em batalhas sem os campos e fazendas para suprir os banquetes de comemoração. Firmaram, então, a paz.
Durante as negociações, cada um dos Aesir e dos Vanir cuspia numa tina. A saliva se misturava e o acordo foi selado, seguido por um banquete.
Depois, os irmãos Freya (imagem) e Frey, líderes dos Vanir, tiveram a ideia de fazer algo com a saliva misturada.
Freya sugeriu criar um homem, e começou a mexer a saliva com os dedos; surgiu Kvásir.
Kvásir, criado a partir da união dos Aesir com os Vanir era um sábio: combinava cabeça e coração; todos queriam seus conselhos e opiniões, sempre sensatos.
Ele, entretanto, teve a má ideia de seguir mundo afora, ajudando a todos e tirando suas dúvidas.
Terminou morto por dois elfos, Fjalar e Galar, que faziam mágica e feitos de alquimia. Eles o atraíram até sua fortaleza e cortaram sua garganta. Seu sangue foi adicionado a mel, criando o melhor hidromel, capaz de dar o dom da poesia e da sabedoria a quem o bebe.
Perdeu-se, assim, a oportunidade de termos descendentes com as características de Kvásir.
Odin, o deus líder dos Aesir, depois criaria Askr (freixo, o primeiro homem) e Embla (olmo, a primeira mulher), a partir de pedaços de madeira. Embla, diferentemente da versão bíblica de Eva, não foi criada a partir da costela de Askr; tinham autonomias iguais.