
“Não só o Espaço é vazio do ponto de vista da vida e da humanidade, mas também o Tempo é vazio. A vida é como um tênue fulgor, que mal começou a arder nessas imensidões ermas.” (H. G. Wells)
Há vários temas que me deixam encucado. Entre eles está a natureza do tempo (e o que é eternidade) e a noção de infinito.
Infinito, que deriva do grego “apeiros“, significando “sem fim”, é contraintuitivo.
O espaço sideral é contínuo, infindável, para sempre? Ou se expande; para onde? O tempo teve um início e tem um fim ou é eterno? O passado também é infinito? O universo sempre existiu? Por aí; perguntas que fazemos quando crianças.
Aristóteles afirmava que o infinito absoluto (“apeiron“: ilimitado, ininteligível, caótico) seria algo para além da razão, podendo ser pensado apenas como sendo transcendental ou no domínio do divino.
Para Espinoza, infinito não pode ser confundido com “indeterminado”. O infinito é a ideia mais determinada de todas, onde todas as possibilidades são realizadas.
Para ele, afirmar que Deus é infinito significa dizer que Ele abrange todas as coisas e nada pode existir separado Dele. Deus, sendo substância não pode ser separado de suas afecções (os modos). Pela imanência de sua causalidade, Deus (causa) e os efeitos (afecções) ocorrem conjuntamente.
A Razão (que se utiliza de tempos, medidas e números) vê as coisas como divisíveis, compostas por partes. Mas, essencialmente, a substância é indivisível. Mente e corpo, por exemplo, são indissociáveis como afecções, portanto, não podem ser consideradas independentes, mas expressões de uma mesma substância.
O dualismo proposto por Descartes surgiu pelo fato deste confundir o aspecto real da substância (atributos indivisíveis) com seu aspecto modal (modos divisíveis).
Físicos modernos ainda insistem na ideia analítica de Descartes. Chegam a definir um “Princípio do Infinito”, pelo qual qualquer movimento ou fenômeno pode ser pensado como sendo composto por um número “infinito” de movimentos ou formatos infinitesimalmente pequenos. Pode-se, alegam, entender coisas complicadas ao dividi-las em coisas infinitamente mais simples. Os “problemas” das coisas mais simples seriam resolvidos e então, é só junta-los de volta ao tamanho original! Isto está no documentário “Uma viagem ao Infinito”.
Desde que perdemos nossa posição privilegiada de centro do universo e passamos a nos ver como locatários de um bólido insignificante no interior de um espaço infinito, era de se esperar que destruíssemos nossas certezas estáveis e absolutas e cultivássemos a humildade e o respeito a todos e tudo no nosso entorno. Engano: as certezas só se avolumam e a arrogância, de mãos dadas à intolerância, prosperam.
O infinito, ao invés de ser visto como sublime, pesa sobre nossa pequenez e esmaga nosso potencial de comunhão com o vasto que nos contém.
Tendo a concordar com Freeman Dyson, que não vê a humanidade como o objetivo final da criação. A humanidade seria apenas um magnífico começo, mas não a última palavra desse processo.
O universo, mesmo considerado infinito em suas dimensões espaciais, não pode continuar fechado, no sentido de que o devir e a novidade estão incluídos nele.
Einstein se perguntava: Deus, na hora de criar o mundo, tinha uma opção?
Que trocadilho entre o finito e o infinito!!!.Entre o divisível e o indivisivel !!!. Muito difícil separar o universo que a meu vil entendimento não será finito. Porém, minha crença me faz entender a finitude do ser humano, no plano terreno e uma infinitude no plano espiritual.
Deixo todas essas teorias filosóficas de lado. Até o próprio Espinoza a quem acho sensato foi contraditório no seu modo de pensar. Acreditando eu que existe muito mais em baixo do céu que nossa vã filosofia possa alcançar.
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