“Nenhum príncipe vive jamais seguro em seu principado enquanto viverem aqueles que foram espoliados.” (Maquiavel)

O totalitarismo procura parecer indispensável portanto, normal, desde que uma situação de perigo se apresente e, que a democracia esteja esvaziada. Por isso há a necessidade da criação de inimigos, internos ou externos, reais ou fictícios.

Há o episódio histórico da criação do documento falso mais famoso de todos os tempos: os Protocolos dos Sábios de Sião.

Em 1864, o jornalista e advogado Maurice Joly (foto), baseando-se no notório realismo de Maquiavel, escreveu um livro crítico sobre as artimanhas políticas de Napoleão III: “Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu”.

A polícia secreta do regime do czar russo, a Okhrana, conseguiu uma cópia e, as maquinações que Joly atribuiu a Maquiavel foram concebidas como de autoria dos dirigentes da Aliança Israelita Internacional que, secretamente reunidos, urdiam os mais sórdidos estratagemas para dominar o mundo.

Mesmo após ser revelada a farsa, o “documento” continuou sendo publicado e traduzido para inúmeras línguas. Talvez essa seja a teoria conspiratória que trouxe as maiores perseguições sofridas pelos judeus no século XX.

Da mesma forma, em 1937, militares brasileiros forjaram o Plano Cohen com a intenção de instaurar a ditadura do Estado Novo. O inimigo então era o comunismo, cujos líderes planejariam derrubar o governo.

Ainda hoje permanece a impressão de que as ideias de Maquiavel seriam sinônimos de opressão e dominação. Ignora-se que “ele era um grande defensor do republicanismo moderno. Seu método era revolucionário ao encarar a operacionalidade da política (separada da moral) e, mostrar sua perspectiva pessimista acerca da natureza humana”, resume Vinícius Soares de Campos Barros.

O pensamento de Maquiavel serviu e serve a vários fins, conforme seus leitores. Um desses foi o filósofo Johann Fichte, que o traduziu para o alemão e tentou incentivar a Prússia na sua guerra contra Napoleão, em 1807.

Outro que se inspirou no livro “Arte da Guerra” de Maquiavel foi Carl Von Clausewitz, que ficou mais conhecido com a frase “A guerra é a continuação da política por outros meios”.

Na Arte da Guerra, Maquiavel procurou demonstrar que o poder, bélico ou de outra forma, não sobrevive à falta de organização e que, na política ou na guerra a inteligência vale mais que a força.

“E ninguém se admire que um destacamento de infantes resista a qualquer ataque da cavalaria, porque o cavalo é um animal sensato e conhece os perigos e de má vontade entra numa escaramuça.” (Fabrizio Colonna, citado por Maquiavel)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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