
Fé não é o mesmo que fanatismo. O fanatismo é doentio; implica uma intolerância em relação a outras crenças, religiosas ou ideológicas. Um fanático religioso, por exemplo, quer que haja a primazia ou exclusividade da sua fé sobre as demais.
A fé, embora se oponha ao raciocínio lógico, tem sido historicamente um grande esteio para o homem.
Os cristãos de todo o mundo fazem romarias aos santuários de Fátima e Lourdes, ao Vaticano, à Terra Santa (Basílica da Natividade, Santo Sepulcro e outros pontos), alguns se dispõem a percorrer o Caminho de Santiago de Compostela etc.
Os hindus vão a Varanasi, na Índia; os budistas, a Bodhgaya, também na Índia; os mulçumanos vão a Meca, na Arábia Saudita …
No Brasil, temos a festa do Círio de Nazaré, em Belém e as romarias a Padim Ciço (Cícero Romão Batista), entre outros.
Na Argentina, temos uma manifestação católica curiosa, não apoiada pela Igreja: a romaria à Defunta Correa.
Na década de 1840, María Antonia Deolinda Correa teria sido perseguida por um bebum valentão do vilarejo onde morava e precisou fugir com seu filho de poucos meses nos braços.
Pretendia chegar a La Rioja para encontrar seu marido que se engajara numa milícia durante a guerra civil, que se arrastava desde 1814 e só terminaria em 1880.
Havia, entretanto, uma zona desértica a atravessar, em torno da província de San Juan. Seus mantimentos e água que levava acabaram e acabou por morrer de sede e exaustão.
Alguns pastores viram à distância a ronda de aves de rapina; imaginando que fosse alguma cabra ou cordeiro que tivesse ficado no deserto, foram até a área onde estavam os urubus.
Encontraram Deolinda Correa morta e seu bebê preso ao peito, mamando, ignorando a fatalidade.
A história correu e tornou-se lenda e desde então a Defunta Correa tornou-se uma “santa” popular. Mesmo sem o reconhecimento oficial, as pessoas fazem suas promessas em sua intenção e vão até lá “pagar” pelos milagres que lhe atribuem.
Se os milagres são ou não verdadeiros, não importa. Sem a fé a vida torna-se dura e insuportável para muitos.
(Foto acima: estátua da Defunta Correa, no santuário de La Difunta Correa, na região de Vallecito)