“A marca que deixaste”

Poemas de IZUMI SHIKIBU (tradução de Luísa Freire)

Se o cavalo dele

tivesse sido domado

pela minha mão –

eu tê-lo-ia ensinado

a não seguir mais ninguém.

 

Mesmo quando um rio

de lágrimas atravessa

e molha este corpo,

não chega para apagar

todo o fogo do amor.

 

Porque não terei

pensado nisto já antes?

Este corpo meu

ao recordar tanto o teu

tem a marca que deixaste.

 

Penso: “nos meus sonhos

poderemos encontrar-nos” …

Virando a almofada,

eu ando às voltas na cama

incapaz de adormecer.

 

Consumi o corpo

a desejar o regresso

do que não voltou.

É agora um vale profundo

o que foi meu coração.

 

Deixada aqui

a envelhecer no mundo

sem ti ao meu lado,

as flores perdem a beleza

tingidas de negra cor.

 

Izumi Shikibu foi escritora, poeta e membro da corte japonesa durante o período Heian (794-1185). Nasceu na década de 970 d.C. e morreu na de 1030 d.C.

Em suas memórias, conhecidas como Diário de Izumi Shikibu , ela relata episódios da vida na corte e seus casos com dois príncipes. 

O diário inclui muitos dos seus poemas, considerados entre os melhores já escritos no Japão.

Sua poesia é do estilo tanka, ou seja, cada poema tem exatamente 31 sílabas em cinco versos.

Como os de seus contemporâneos, os poemas enfatizam a tristeza e a natureza temporária da vida e dos amores das pessoas. 

(Na gravura acima, Izumi Shikibu, por Komatsuken)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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