
“A maioria das pessoas não é realmente livre. Estão confinadas a um nicho no mundo que esculpiram para si mesmas. Elas limitam-se a poucas possibilidades devido à estreiteza da sua visão.” (V. S. Naipaul)
Falar de política no Brasil está ficando algo surreal, distópico. Mudemos de assunto; falemos do humano.
Há dois tipos de agressão: a que ocorre de forma reativa (em resposta a uma provocação) e a espontânea. Ou seja, aquela que é passional e irrefletida e, a agressão instrumental a sangue frio.
Às vezes, simplesmente porque estamos frustrados, estressados ou de saco cheio, “precisamos” descarregar nossa agressividade em alguém.
Nisso não somos muito diferentes de outros animais: “dê um choque num rato e provavelmente ele morderá o rato menor que estiver mais próximo; se um babuíno perde uma briga com o macho alfa, ele perseguirá o ômega; quando a taxa de desemprego sobe, a violência doméstica também aumenta”, exemplifica Robert Sapolsky.
Quando vemos algumas pessoas hostilizando minorias, mulheres, negros, nordestinos, eleitores da esquerda ou qualquer grupo que avaliem como inferiores, reproduz-se um dos instintos mais animalesco.
Alguns desejam, ainda, que a discriminação desses grupos seja institucionalizada, com um regime autoritária, uma ditadura.
Essas pessoas talvez já tenham lido – duvido – livros como 1984, Admirável Mundo Novo, Fahrenheit 451 ou, os mais recentes Divergente e Jogos Vorazes.
Nos anos 1920, Ievguêni Zamiátin escreveu um livro que inspirou os acima citados: “Nós”.
Nesta distopia, um governo totalitário – em nome de um suposto bem coletivo – priva a população de seus direitos fundamentais como livre-arbítrio, individualidade e liberdade de expressão. É o chamado “Estado Único”, um regime opressivo que cria uma sociedade completamente mecanizada e lógica em que os horários de trabalho, de lazer, das refeições e até do sexo são extremamente regulados. Neste mundo as pessoas sequer possuem nomes, só números.
Eles querem isso? Eles conseguem antecipar o que significa o que pedem?
Para não falar do Brasil, lembremos o que aconteceu na Indonésia: em 1965, Hadji Suharto deu um golpe militar e governou o país por 31 anos. Lá, como aqui, foi apoiado pelos americanos.
Suharto expurgou os comunistas, esquerdistas, intelectuais, sindicalistas, além de cidadãos de etnia chinesa. Resultado: cerca de meio milhão de mortos. Execuções em massa, tortura, vilarejos incendiados com seus habitantes dentro …
A moralidade não foi esquecida: Suharto foi um dos líderes mais corruptos da era moderna. Estima-se que os desvios podem ter atingido 35 bilhões de dólares.
Mas, como é da natureza humana, enquanto aqui se homenageia torturadores, lá querem transformá-lo em Herói Nacional.
Republicou isso em REBLOGADOR.
CurtirCurtir