O mal entre nós

Quem começou a escantear de fato o pensamento cartesiano (racional e consciente) foi o Freud, quando inseriu o inconsciente no processo.

Descartes não saberia explicar o comportamento de multidões que abrem mão de suas individualidades e do pensar para ladrarem pelo fim da democracia, pela instauração de uma ditadura!

Na multidão, o indivíduo tem sua afetividade intensificada, sua capacidade intelectual diminuída e suas inibições instintivas próprias suprimidas. A pessoa que adere a um grupo temático (religioso ou ideológico) se desconecta de si. Normalmente, procura um sentido para sua vida, que não encontra (não procura) nele.

Um dos primeiros textos fundamentais de Freud foi “Totem e tabu”, que considerou uma contribuição para a psicologia dos povos.

Em 1920, publicou “Além do princípio de prazer”. Nele, levanta o conceito de um possível “impulso de morte“, uma tendência de retorno ao inanimado presente no ser vivo e no humano.

“Supomos que no ‘eu’ ainda haja outros impulsos em ação além dos impulsos libidinais de autoconservação …do narcisismo: um impulso de morte.”

O que nos faz refutar a violência mas, ao mesmo tempo, cultivá-la?

Para Robert Sapolsky, “não odiamos a violência. Odiamos e tememos o tipo ‘errado’ de violência, aquela que ocorre no contexto errado.”

Não é? Quem não carrega um tonel de ódio dentro de si, pronto a esborrar? Às vezes, uma gota é suficiente, uma discussão no trânsito.

Diariamente, procuro esvaziar um pouco desse ódio, para ter uma vida “normal”. Outros optam por encher seu barril e conectá-lo aos de outros também ansiosos por um transbordamento. Precisam “lavar” a alma; basta uma “causa”.

Agressividade e competição – antessalas da violência – foram elevadas a “valores” sociais pelo neoliberalismo. A frustração natural, gerada por um ambiente onde impera o individualismo, produz um caldo propício para “revoltas” contra supostos inimigos, o “outro”.

Não somos destinados a ser maus. Podemos redirecionar nossas atitudes para mantermos esses ímpetos sob a predominância do bem querer.

Podemos desenvolver o altruísmo, a cooperação, a tolerância e o respeito pelo outro. Ir contra a corrente. Sempre de olho na fera.

“Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.” (Romanos 12, 21)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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