
Benjamin Ferencz tem 102 anos. Foi combatente na Segunda Guerra e é o único promotor ainda vivo dos julgamentos de Nuremberg.
Apesar de ter visto o pior do ser humano, nunca perdeu a esperança e o otimismo.
Ao completar 100 anos escreveu “Palavras de Despedida” (Parting Words), com o intuito de falar sobre o melhor que podemos fazer por nós mesmos; como manter nossos sonhos vivos e a nunca parar de aprender.
Importa, segundo ele, lapidar nossas forças, resistir ao mal e entender que a vida é sinuosa e que ser bom é uma escolha. Ainda, devemos proclamar nossas verdades, mesmo que ninguém nos ouça.
“Encontrar um pouco de alegria todos os dias da sua vida sustentará você. Será aquele pouquinho de lenha acrescentado à lareira que manterá a chama acesa.
Mas dizer a si mesmo que só será feliz quando tiver o emprego, a casa ou o companheiro dos seus sonhos o deixará muito infeliz.
Para encontrar alegria, você precisa procurá-la ao seu redor.
Quão azul o céu está hoje, quão agradável é fazer uma boa refeição ou se enfiar debaixo da coberta quando há uma tempestade furiosa lá fora.” (Benjamin Ferencz)
O sumário do livro traz uma receita para ver a vida com outras cores:
- Você não precisa seguir a multidão
- Aprenda onde você estiver
- Use as próprias forças para se levantar
- O caminho é sempre sinuoso, nunca uma linha reta
- Escolha ser bom
- Sempre diga sua verdade, mesmo que ninguém esteja ouvindo
- Há coisas mais importantes do que salvar o mundo
- Olhos atentos no horizonte e mãos no leme.
“Nasci em uma casa que ficava em um país que não existe mais, a Transilvânia. Minha irmã nasceu na mesma cama que eu um ano antes.
Ela era húngara. Meu passaporte dizia que eu era romeno.
Depois da Primeira Guerra, partes da Transilvânia foram cedidas à Romênia – país que conquistou fama como o lar do Conde Drácula.
Não importava que os países tivessem mudado de nome, mas sim como tratavam seus habitantes.
Tanto a Hungria quanto a Romênia eram antissemitas, então era muito aconselhável que meus pais saíssem do país – ou dos países – se pudessem.
Foi assim que minha jornada começou: em condições de extrema pobreza.” (Ferencz)
Em nome da pureza, da homogeneidade, da uniformidade, do padrão … até da fé comum, mata-se o estranho.
Esse mundo é hostil. Não é para ser levado a sério.