Somos autodestrutivos

Possivelmente, nunca deve ter existido uma organização social matriarcal, seja ela animal, humana ou proto-humana. Essa era a opinião de Rose Marie Muraro.

Pelo menos no estilo patriarcal, de maneira autoritária, de cima para baixo, os chefes determinando o comportamento e o modo de pensar dos outros elementos do grupo.

Nas sociedades matricêntricas estudadas, a relação macho-fêmea é esporádica e casual, e quando existe um “casamento”, uma relação estável, ela tende a não ser exclusiva, ou ao menos escravizadora de uma das partes. A relação com os filhos é protetora e fluida; a criança é educada para cedo se tornar independente.

Nessas sociedades segue-se a linhagem feminina, mas seus membros não são “governados” pelas fêmeas. Estas têm dominância, não dominação; não há repressão e coerção da vontade dos outros.

Entre os humanos, entretanto, prevalece o patriarcado – talvez … desde sempre, acreditam muitos antropólogos.

Não era essa a visão de Gerda Lerner. Para ela, a dominação da mulher pelo homem é produto de um desenvolvimento histórico. Não é “natural” ou biológica e, portanto, imutável. A escravização começou com mulheres sendo escravizadas. (Se interessa, veja o texto anexo)

O fato é que o homem é um bicho mau e confuso; apesar de dizer-se bom e sublime.

C. S. Lewis lamentava que a sociedade tradicional se ocupasse de combater a emotividade entre os jovens. Lembrava que “para cada aluno que precisa ser resguardado de um leve excesso de sensibilidade, existem três que precisam ser despertado do sono da fria vulgaridade; um coração duro não é uma proteção contra um miolo mole”.

“É difícil conceber nosso universo em termos de concórdia; em vez disso, somos confrontados em todos os lugares com as evidências de conflito. Amor e ódio, produção e consumo, criação e destruição: a guerra constante de tendências opostas parece ser o coração dinâmico do mundo”. Palavras de Karl Menninger.

Uma nova guerra fria foi descongelada dos recônditos da história. O ódio passa a ser cultuado pelos “guardiões” do tradicionalismo. A mentira transforma-se em míssil social, que desagrega famílias e amizades. O planeta torna-se inabitável para alimentar a ganância de poucos. A população envelhece e é vista como estorvo econômico-fiscal. Políticos usam o desespero, o desemprego, o subemprego e a falta de perspectiva para os jovens para atacar outras facções.

Logo chegaremos ao clímax da autodestruição.

“Não é de admirar que a humanidade assustada olhe melancolicamente para a magia e o mistério não menos do que para a ciência em busca de proteção.


Seria de esperar que diante dos golpes avassaladores do Destino ou da Natureza, o homem se oporia firmemente à morte e à destruição, em uma irmandade universal de humanidade.

Mas este não é o caso. Quem estuda o comportamento dos seres humanos não pode escapar à conclusão de que se
deve contar sempre com um inimigo dentro das linhas.

Torna-se cada vez mais evidente que parte da destruição que amaldiçoa a terra é autodestruição; a extraordinária propensão do ser humano de dar as mãos a forças externas em um ataque à sua própria existência é um dos fenômenos biológicos mais notáveis.


Homens voam sobre cidades antigas e belas lançando bombas explosivas sobre museus e igrejas, sobre grandes edifícios e crianças.

Eles são encorajados por seus representantes oficiais para contribuírem com impostos para a fabricação frenética de instrumentos destinados a rasgar, dilacerar e mutilar seres humanos semelhantes a eles, possuidores dos mesmos instintos, das mesmas sensações, dos mesmos pequenos prazeres e da mesma percepção de que a morte vem para acabar com essas coisas muito cedo.


Isso é o que veria quem examinasse nosso planeta superficialmente; e, se ele olhasse mais de perto para as vidas de indivíduos e comunidades, veria ainda mais para intrigá-lo, brigas, ódios e disputas, desperdícios inúteis e destrutividade mesquinha.


Ele veria pessoas se sacrificando para ferir os outros, e
gastando tempo, problemas e energia para encurtar aquele lamentavelmente pequeno recesso do esquecimento que chamamos de vida.

E o mais incrível de tudo, ele veria alguns que, como se não tivessem mais nada para destruir, voltassem suas armas contra si mesmos.


Se, como suponho, isso deixaria perplexo um visitante de Marte, certamente deve surpreender qualquer um que suponha, que os seres humanos querem o que dizem: que querem vida, liberdade e felicidade.” (Karl Menninger)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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