
Um amigo me apresentou a poesia abaixo, publicada em 1955, de Armando Tejada (1929-1992).
Até quando nossa “humanidade” continuará ignorando a miséria? Por que muitos, ao invés de se solidarizarem, temem crianças abandonadas à sorte das ruas? Elas são violentas? E a sociedade? É natural, é a vontade de Deus, é incompetência das famílias que geram crianças sabendo que não têm como sustentá-las? Que desculpas a elite promove?
HÁ UMA CRIANÇA NA RUA (Armando Tejada Gómez)
A esta hora, exatamente, há uma criança na rua.
É dever do homem proteger o que cresce,
Cuidar para que não tenha uma infância dispersa pelas ruas,
Evitar que naufrague seu coração de barco,
Sua enorme vontade de pão e chocolate,
Caminhar por seus países de bandidos e tesouros
Pondo-lhe a esperança no lugar da fome.
De outro modo é inútil ensaiar na terra a alegria e o canto,
De outro modo é absurdo porque de nada vale se há uma criança na rua.
Importam duas maneiras de conceber o mundo:
Uma, ser alguém como as outras pessoas ou
Arrancar cegamente dos demais a bolsa.
E a outra, um destino de salvar-se com todos,
Comprometer a vida até o último náufrago.
Como se pode dormir de noite se há uma criança na rua?
Exatamente agora, se chove nas cidades,
Se desce o nevoeiro gelado no ar
E o vento não é nenhuma canção nas janelas,
Não deve andar o mundo com o amor descalço
Levando um diário como uma asa na mão.
Trepando nos trens, provocando-nos o riso,
Golpeando-nos como um anjo de asa cansada,
Não deve andar a vida, recém nascida, já lutando,
A meninice arriscada a um pequeno ganho,
Porque então as mãos são dois fardos inúteis
E o coração, apenas uma má palavra.
Eles esqueceram que há uma criança na rua,
Que há milhões de crianças que vivem na rua
E uma multidão de crianças que cresce nas ruas.
A esta hora, exatamente, há uma criança crescendo.
Eu a vejo apertando seu coração pequeno,
Ohando para todos com seus olhos de fantasia,
Percorrem e olham para o homem rico,
Um relâmpago forte cruza seu olhar,
Porque ninguém protege essa vida que cresce
E o amor se perdeu como uma criança na rua.
Infelizmente enquanto a miséria,fome, pobreza,der lucro as grandes elites e grandes capitalistas, esta nunca irá desaparecer…😡😡
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Enquanto houver essa desigualdade social haverá sempre muitas crianças na rua. Com fome, com frio , nas calçadas, nos semáforos. A desigualdade social é gritante. Não quero aqui dar um tom de religiosa nem moralista mas isso é o que mais desagrada a Deus. Se vc sente um religioso de carteirinha e vê crianças na rua com fome e frio , dormindo ao relento sem dignidade não faz nada, você não é um cristão, vc é um herege. O poema é maravilhoso e triste. Não há necessidade de citá-lo aqui. É bem claro. Esses são os verdadeiros “deuses”, que cita os evangelhos “porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, …”Jesus se referia a esses pequeninos em seu texto sagrado. Abandonar os inocentes nas ruas com fome e sede, sem teto, não é discurso politico, é um atentado contra tudo que se prega sobre a religiosidade. Fico por aqui , porque o assunto é vasto e daria um tratado.
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Lamento ter que lhe dizer que só a riqueza do Vaticano daria para matar a fome e acabaria com a miséria em África….
Mas, infelizmente não é o que acontece….
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