
COMO FAZÍAMOS? (Adaptação de uma publicação de Laura Muschio)
Às vezes me pergunto:
o que nossa geração fez para
sobreviver de comida contendo lactose?
Como fomos capazes de crescer
sem comida para bebê, suplementos,
hormônios e multivitaminas?
Como vivíamos
sem Coca zero, Red Bull,
aperitivos e bebidas longas,
se esperávamos pelo domingo
para beber água com gás
com pós dissolvidos?
Como passamos
os invernos rigorosos
com o sanduíche na pasta,
sem os salgadinhos, Nutella
e imunoestimulantes?
Como nos satisfazíamos
do lanche da tarde
feito de pão, manteiga e açúcar,
sem recorrer à centrifugação
de frutas e legumes?
Como passamos
noites de verão
com uma fatia de melancia na rua,
sem a festa do happy hour?
Como suportamos
a punição de um professor,
e o abraçamos após reconhecê-lo
depois de muitos anos,
sem atacá-lo,
com a aprovação dos pais?
Como podíamos
invejar o colega
sem depilação no peito,
e um físico de musculação?
Como podíamos
viver sem um personal trainer,
tendo apenas jogado futebol
em terreno baldio,
enquanto o camarada mais azarado
era o árbitro?
Como sobrevivemos
com os joelhos esfolados
e desinfetados apenas com saliva,
sem recorrer a antibióticos
antissépticos e curativos?
Como fizemos
para se encontrar com a garota
sem que houvesse celular
e o único sms
era uma nota no diário
e um beijo em perigo?
Como ela concordou em sair conosco,
se fomos buscá-la a pé
sabendo que queríamos
dar-lhe asas?
Como pudemos
escrever poesia
e compor músicas
sem o uso de um computador?
Como suportamos
esperar um tempo infinito
para dar o primeiro beijo,
se agora é o último a chegar
depois de um abraço?
No entanto,
nossa geração
que não amanheceu,
sabia sonhar.
Porque o alimento mais saudável
que a alimentou,
era a esperança…
e a alegria de viver….