
Artigo publicado neste mês na revista Pesquisa Fapesp, assinado por Ricardo Zorzetto, trata dos sofrimentos psíquicos – e até desequilíbrios na imunidade – provocados pelo estresse decorrente de agressões sexuais.
Cita um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública: no ano passado foram registrados mais de 56 mil casos de estupro no país! Um a cada 9 minutos!
E, sabe-se que são muitos mais; possivelmente só um de cada 10 casos é reportado.
Assédio, feminicídio, estupros … o que está acontecendo? Isso sempre ocorreu, dirão. Mas, tenho a impressão de que os casos se multiplicam.
Darei minha opinião. Gostaria de conhecer outras.
Com a liberdade sexual das mulheres, acelerada a partir de meados do século passado, nasceu um incômodo na estrutura machista e patriarcal da sociedade.
O sistema incorporou o movimento de emancipação e logo o mercantilizou, objetificando o corpo feminino na mídia e publicidade, hiperssexualizando-o.
“Algumas coisas a que não se gostaria de renunciar, por darem prazer, não são Eu, são objetos …”, ensinava Freud.
O processo de superexposição de corpos femininos, principalmente na internet, pode estar levando a um crescente ataque às mulheres; agora não mais por questões moralistas, mas por impulso instintual de parte de homens subjugados pela libido.
Já vimos autoridades atribuírem culpa às mulheres vítimas de violência sexual: elas estariam provocando!
“Ó liberdade, quantos crimes se praticam em teu nome!” (Romain Rolland)
Esses agressores são homens fracos em vários sentidos: só conseguem prazer a partir da subjugação; não sabem estabelecer uma relação equilibrada e genuinamente amorosa, afetuosa, com mulheres.
O inconsciente, ou os instintos, assim como a sexualidade são campos ainda pouco explorados.
A luta entre o instinto de vida (Eros) e o impulso de morte (Thánatos) continua presente, com manifestações que nos levam a pensar sobre o que seja humanidade.