Passado ou futuro: quem escolheremos como guia?

(Alfred Adler, 1870-1937)

Somos maus ao nascermos? Há pessoas que nascem más e há pessoas que se tornam más? Nascemos todos com o signo de Caim ou o de Abel? O pecado original nos condena?

Tolstoi, por exemplo, achava que nascemos todos boa gente, mas as circunstâncias da vida nos transformam em más, maquiavélicas e sem sentido de humanidade. Os líderes seriam os responsáveis por essa transformação.

Freud apontava o poder – e a ganância por sua busca – como responsável por nossa ruindade, por nossas atitudes mesquinhas e más.

Hoje, há quem afirme que a maldade pode surgir como consequência da teoria da comparação social: as pessoas se comparam naturalmente, acabando por tecer, por vezes, apreciações pejorativas e maldosas.

Na Batalha de Salamina os gregos venceram os persas; na de Termópilas, perderam.

Em Salamina, Temístocles conseguiu convencer as cidades-estados gregas que a única maneira de não serem aniquiladas seria a união contra o o rei-sol persa.

Em Termópilas, os espartanos se “achavam” e ficaram sós. Como se fosse possível vencer um opressor sem alianças, inclusive com antagonistas.

Opções. Decisões fundadas em dados, motivações e crenças pessoais. Às vezes, o emocional – movido pelas crenças – predominam e, tendem a dar errado se contrariam os fatos.

Na Batalha de Salamina, Artemísia, a líder persa, depois da segunda derrota, reconhece o valor de Temístocles e o convoca para uma conversa no seu navio.
Artemísia o recebe com gestos de uma humildade absoluta, falsos.

Ela o seduz e protagonizam uma sessão de sexo selvagem.
Tudo muda quando ela diz que precisa de um general como ele ao seu lado.

Temístocles rechaça a oferta. Profundamente irritada e humilhada, ela o expulsa e garante que não haverá mais acordo ou piedade e que os persas atacarão com todas as suas forças. A razão em Temístocles não se rendeu à emoção provocativa de Artemísia.

Eros e Tânatos. Uma escolha de postura diante dessa vida carente de sentido.

Introduzo Alfred Adler, o primeiro psicanalista a cindir com Freud, antes das separações deste com Wilhelm Stekel e Carl Gustav Jung. Outros conflitos viriam depois com Otto Rank, Sandor Ferenczi, Wilhelm Reich, Karen Horney, Melanie Klein etc.

Bom, a psicanálise é polêmica (e contestada) até hoje. Mexeu com tabus.

As principais motivações dessas separações são a relação entre a sexualidade e a agressão, o indivíduo e a sociedade, os conflitos narcisistas e edipianos e as terapêuticas regressivas e do fortalecimento do ego.

A partir desses afastamentos, muito rancor e ressentimento – coisas bem humanas.

A própria Viena de Freud e Adler seria um exemplo de autodestruição, “um campo experimental para a destruição mundial”, conforme Karl Kraus.

A cidade que era esplêndida, capital da monarquia Habsburgo – seio de nossa princesa Maria Leopoldina – abrigava as artes, a ciência e a modernidade; porém, dava as costas às minorias étnicas, à democracia e ignorava o alastramento da pobreza, o que levariam ao seu desmoronamento.

Adler, que fundou a Psicologia Individual, colocava a ênfase na importância das primeiras experiências de vida como elemento fundamental para o desenvolvimento do “próprio estilo dinâmico”, um princípio que representará então para cada indivíduo o pré-requisito para “superar a condição natural de inadequação, resultante de comparações físicas e cognitivas”.

Adler entendia o indivíduo como uma totalidade integrada em um sistema social. Devido a isso, somos motivados pelas solicitações sociais, através da promoção de cooperação e atividades que propunham o contato com os outros. 

Do amor, do sentimento de amizade e da necessidade de ajudar os outros (através do próprio trabalho) derivaria a possibilidade de se desenvolver uma sociedade que baseia o seu próprio funcionamento no sentimento social, e não no instinto de predominância e na vontade de poder.

Enquanto Freud concentrava sua teoria no sexo, Jung nos padrões primitivos de pensamento (arquétipos), Adler focava no interesse social.

Resumindo, para encerrar e com o perdão dos especialistas, a ideia de Adler era que o futuro – no meio social – seria mais significativo para nossas atitudes, posicionamentos e saúde mental do que a fixação nos traumas do passado.

A orientação adleriana possui muitos dos métodos que hoje em dia são requeridos na investigação científica: desde a abordagem multidisciplinar à multicausal, até ao reconhecimento e estudo do homem na sua totalidade e como um elemento capaz de agir dentro de um sistema social mais amplo, diz Stefano Calicchio.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: