Libertário?

(Peter Thiel)

Muitos já leram “De Zero a Um”, de Peter Thiel e Blake Masters, de 2014.

Mais um livro-testemunho de uma pessoa bem sucedida (Thiel) que, certamente, tem algo a nos dizer nessa prática! O futuro trará, inquestionavelmente, progresso, desde que encontremos “valor” em lugares inesperados; este é o mote.

O segredo está em não repetir o que já existe, o que “só” nos levaria de “1 a n“; mas em criarmos algo novo, quando vamos de “0 a 1”, o que requer fazer algo que ninguém fez antes. Este é o “progresso vertical”!

Ele é um evangelista de startups, vistas como veículos disseminadores de tecnologia: “uma startup é o maior grupo de pessoas que você consegue convencer a participar de um plano para construir um futuro diferente”. Melhor, claro.

“É mais fácil copiar um modelo que criar algo novo. O progresso vem do monopólio, não
da competição
”, ensinou.

Mas, o que há de novo nisso? Aliás, já vimos essa proposta antes, em 2005, como a Estratégia do Oceano Azul, que recomendava investir-se em mercados inexplorados.

Peter Thiel tem uma fortuna estimada em US$ 4,9 bilhões segundo a Forbes, boa parte dela ligada ao negócio de maior sucesso de sua carreira de empreendedor, o PayPal. Foi um dos primeiros a apoiar Mark Zuckerberg, quando este acabara de criar o Facebook.

Filho de minerador, teve uma infância de nômade, saindo de Frankfurt, onde nasceu, para morar na Namíbia antes de fincar raízes na Califórnia.

“Libertário maluco, supervilão de James Bond, provocador de Direita: todas essas são caricaturas que os críticos procuraram atribuir ao investidor em tecnologia que se tornou o mais proeminente patrocinador de Donald Trump no Vale do Silício.” (Max Chafkin)

Recentemente, largou o CA do Facebook para se dedicar ao fortalecimento da Direita americana. Ao Blake Master, por exemplo, Thiel doou mais de US$ 13 milhões para sua candidatura ao Senado pelo Arizona.

O pensamento de Direita patrocinado por Thiel é o “libertarianismo“, que condena o movimento WOKE, por exemplo, que luta por questões sociais e raciais.

Entre seus objetivos estão transformar a cultura americana, através festivais de cinema de direita, um aplicativo de relacionamentos gay para conservadores e, pressionar os CEOs a se afastarem de causas ambientais, sociais e políticas.

Para os muito ricos, abraçar essa direita parece natural. Elon Musk também é um autodeclarado libertário e defende suas opiniões de direita para seus mais de 100 milhões de seguidores no Twitter. Os dois, aliás, não são amigos: Thiel demitiu Musk quando os dois estavam no PayPal.

O pensamento radical de Thiel é conhecido desde quando estudava em Stanford e publicava artigos chamando os professores progressistas de marxistas e protestando contra a inclusão de autores não brancos no currículo da escola. Futurismo, nacionalismo, supremacia branca …. O que parece?

O libertarianismo preocupa-se com liberdade – mas, liberdade para uma certa elite.

Ele não aprova a democracia. Escreveu: “Não acredito mais que liberdade e democracia sejam compatíveis…Por quê? Porque se você capacitar os demos, eles eventualmente votarão por restrições ao poder dos capitalistas. e, portanto, restrições à sua ‘liberdade’. Desde 1920, o grande aumento de beneficiários do bem-estar e a extensão do direito de voto às mulheres – dois eleitorados que são notoriamente difíceis para os libertários – tornaram a noção de ‘democracia capitalista’ um oxímoro”. 

Os que acompanham a Escola Austríaca, devem conhecer os respeitados Mises, Hayek e outros expoentes do neoliberalismo. Mas há, também, os polêmicos Murray Rothbard e Hans-Hermann Hoppe, que inspiram alguns pontos do anarcocapitalismo.

Thiel, parece há muito procurar soluções autoritárias malucas que permitiriam a dominação capitalista pura e, Hoppe e seu mentor Rothbard são estimulantes.

Bom, ele está defendendo o que acredita e lhe interessa. Chato é ver outros públicos, à margem das vantagens perseguidas pelo libertarianismo, também apoiarem esses pontos de vista.

“Não existe nenhum proletário, nem mesmo um único movimento comunista que não tenha trabalhado a favor dos interesses do dinheiro, na direção indicada pelo dinheiro e pelo tempo permitido pelo dinheiro – sem que vários de seus líderes idealistas nem sequer suspeitassem desse fato.” (Oswald Spengler, em “A Decadência do Ocidente”)

Se temos que abraçar alguma causa, que façamos conscientes.



Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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