“Sou dono e senhor do meu destino; eu sou o comandante da minha alma” (Henley)

(William Ernest Henley, 1849-1903)

O poeta inglês William Henley teve uma vida difícil, salteada de perdas. Aos doze anos de idade teve uma artrite causada pelo bacilo da tuberculose, o que levou à amputação da perna esquerda, aos dezesseis anos. Pouco depois, perdeu o pai e tornou-se arrimo da família.

Dentre seus poemas, Invictus, de 1888, é um dos mais conhecidos. Supostamente, teria encouraçado Nelson Mandela durante seus 27 anos na prisão e mantido sua sanidade mental.

Entretanto, um mesmo símbolo, lema ou bandeira pode guiar santos e loucos. O bom ou ruim depende da intenção que o move.

Timothy James McVeigh, que perpetrou o atentado de Oklahoma City, em 1995, que matou 168 pessoas e feriu mais de 680, também se balizava pelo poema Invictus, e o escolheu como sua declaração final, na sua execução por injeção letal, em 2001.

Invictus (William Ernest Henley)

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu – eterno e espesso,
A qualquer deus – se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei – e ainda trago
Minha cabeça – embora em sangue – ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda – eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.”

(Tradução de André C. S. Masini, publicada no livro “Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa”)

A poesia nos eleva, pro bem ou pro mal. Mas é a forma como a alma canta.

Ela se exprime de todas as formas; a própria vida é uma de suas manifestações, embora poucos consigam perceber.

Os Justos (Jorge Luís Borges)

“Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.

O que agradece que na terra haja música.

O que descobre com prazer uma etimologia.

Dois empregados que num café do Sul jogam um xadrez silencioso.

O ceramista que premedita uma cor e uma forma.

O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.

Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de certo canto.

O que acarinha um animal adormecido.

O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.

O que agradece que na terra haja Stevenson.

O que prefere que os outros tenham razão.

Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.”

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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