
Líderes carismáticos podem provocar uma espécie de cegueira histérica numa comunidade, um sonambulismo social.
Entenda carismático como aquele personagem que cria e alimenta simpatia para seu grupo de influência; que utiliza gestos e palavras que a maioria quer ver e ouvir, independentemente de verdades ou fatos.
Diferentemente da concepção de Carl Gustav Jung, que chamava o sujeito carismático de “personalidade maná“, que significava “aquele inefável algo entre os opostos, que os une …”, o carismático que prevalece de fato é o que assume um dos extremos.
O carisma nem sempre é nato, pode ser aprendido, e tem a ver com a forma de ser em público, e não assegura caráter ou valores. Há os líderes carismáticos do bem e os do mal.
A histeria induzida por lideranças manipuladoras pode levar à destruição de uma nação, como já vimos com os ditadores do século passado e os atuais.
Histeria, aliás, que já foi associada exclusivamente às mulheres (hystera, útero, em grego) e que levou muitas às fogueiras, ou mais recentemente, endossava o machismo.
Esse estigma começou a ser reparado a partir dos estudos de Jean-Martin Charcot, no século XIX e depois, por seu estagiário, Sigmund Freud. Charcot utilizava-se da hipnose para acessar lembranças e emoções represadas. Essa ideia, de se eliminar problemas e doenças físicas decorrentes de memórias e sentimentos soterrados, levou Freud à Psicanálise.
A nosologia psiquiátrica atual considera a histeria como um comportamento, não uma doença e a desdobrou, conforme sua “localização”, em sintomas somatoformes ou dissociativas. Puro cartesianismo, corpo e mente!