O que é honra?

Provocado pelo amigo Fábio Adiron, divulgo aos estrangeiros a macabra capacidade de se criar histórias fantásticas no Recife.

Nós, recifenses, nos divertimos com os superlativos que criamos para a cidade, dentre esses, o de “cidade mais assombrada do Brasil”.

Hoje, sexta-feira 13, é um dia apropriado para falarmos sobre isso.

“Quem sai à noite pelas ruas do Recife corre o risco de ser convidado a visitar o cemitério acompanhado de uma mulher que vira caveira.

Ou pode se deparar com um morto-vivo com a boca cheia de dentes de ouro.

Ou pior: levar um chute de uma perna cabeluda que pula sozinha, sem estar ligada a nenhum corpo.

Roteiro de filme de horror? Não! Esse é apenas um breve resumo de algumas das lendas mais assustadoras da capital pernambucana, considerada por muitos a “cidade mais assombrada do Brasil” (Roberto Beltrão)

(https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2022/05/13/na-sexta-feira-13-saiba-por-que-o-recife-tem-fama-de-cidade-mais-mal-assombrada-do-brasil.ghtml)

O livro retratado acima é um desses clássicos do terror urbano recifense.

Não se sabe se o fato é verídico ou invencionice de seu autor, Joaquim Maria Carneiro Vilela (1846-1913).

Carneiro Vilela, um dos fundadores da Academia Pernambucana de Letras, escreveu seus 14 romances no formato de folhetim, nos jornais locais.

A emparedada da Rua Nova” trata do assassinato da jovem burguesa Clotilde, solteira e grávida, e de seu amante (e, também da sua mãe), o sedutor Leandro Dantas.

Um drama, que retrata os costumes do Recife do século 19, eivados de preconceitos de classe, raça e condição social, com suas manifestações típicas: inveja, ambição, ciúme, poder, mentiras, intrigas … Tudo muito atual.

O pai da Clotilde, um abastado comerciante, Jaime Favais, ao saber que era enganado pela mulher e enlouquecido pela gravidez da filha solteira, lava com sangue e desvario a sua “honra”. 

Após o assassinato de Leandro, o pai tenta obrigar Clotilde a se casar com seu primo, a quem detestava, embora “nada mais lhe restasse, além do desespero de ver-se infamada e indigna, desonrada e perdida”. “(…) ela entrava na ordem infinita dessas mulheres a quem se respeita porque são mulheres, mas que ninguém solicita porque já não donzelas.”

“Triste e medonha alternativa! A moça, porém, não hesitou um só momento: preferiu o sofrimento à submissão.” E a morte, horripilante: emparedada ainda viva!

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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