
O mundo gira e não nos damos conta. No entanto, às vezes, um pequeno desequilíbrio nos derruba. O equilíbrio (do mundo e no mundo) é algo dinâmico, como numa esteira rolante. Caso sua velocidade seja acelerada de forma súbita ou constantemente, provavelmente cairemos.
Este é estágio em que a humanidade se encontra atualmente: tudo mudando, vertiginosamente. A sensação é de tontura e de falta de orientação sobre os próximos passos; e a queda é iminente.
O momento requer toda nossa atenção e concentração, porém os ruídos também se multiplicam.
Resumidamente, os vórtices principais que nos ameaçam e demandam novos posicionamentos são: o crescimento e envelhecimento da população; as largas e profundas mudanças nas tecnologias; a questão do emprego e reflexos nos conceitos educacionais; as alterações climáticas; as radicalizações políticas; a hegemonia do capital e acentuação de sua insensibilidade social.
A economista Minouche Shafik debruçou-se sobre essas inquietações e colocou suas reflexões e experiência no livro “Cuidar uns dos outros – Um novo Contrato Social”.
Falarei sobre seus questionamentos e propostas nalguns posts, brevemente.
Por ora, uma sensibilização com dois poemas de William Butler Yeats (1865-1939):
MORTE
Nem temor nem esperança assistem
Ao animal agonizante;
O homem que seu fim aguarda
Tudo teme e espera;
Muitas vezes morreu,
Muitas vezes de novo se ergueu.
Um grande homem em sua altivez
Ao enfrentar assassinos
Com desdém julga
A falta de alento;
Ele conhece a morte até ao fundo —
O homem criou a morte.” (tradução de José Agostinho Baptista)
A Segunda Vinda
Girando e girando a voltas crescentes
O falcão não escuta o falcoeiro.
Tudo se parte, o centro não sustenta.
Mera anarquia avança sobre o mundo,
Marés sujas de sangue em toda parte
Os ritos da inocência sufocados.
Os melhores sem suas convicções,
Os piores com as mais fortes paixões. (…) (tradução de Paulo Vizioli)