Encontros com Jesus

(Cleofas encontrou Jesus durante a aparição do Caminho para Emaús , por Joseph von Führich, 1837)

Jesus ressuscitou. Sem isso, não haveria cristianismo. Cristo seria apenas mais um dos esquecidos “profetas” da sua época.

Cleofas, seu tio (possivelmente irmão de José), foi um dos que o encontraram após a ressurreição.

“Tu és o único forasteiro em Jerusalém que ignora os fatos que nela aconteceram nestes dias?” Assim perguntou Cleofas a Jesus, três dias após sua morte, sem ainda ser reconhecido.

Mulheres já haviam anunciado o sumiço do corpo de Jesus do sepulcro. Entre elas estavam Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago (supostamente irmão de Jesus, segundo alguns estudiosos). Os discípulos não deram crédito às palavras das mulheres.

Pedro, contudo, levantou-se e correu ao túmulo. Inclinando-se, porém, viu apenas os lençóis. E voltou para casa, muito surpreso com o que acontecera.” (Lucas, 24; 12)

“Nós esperávamos que fosse ele que redimiria Israel, mas, com tudo isso, faz três dias que todas essas coisas aconteceram. É verdade que algumas mulheres nos assustaram. Tendo ido muito cedo ao túmulo e não tendo encontrado o corpo, voltaram dizendo que haviam tido uma visão de anjos, a declararem que ele estava vivo.” (Lucas, 24; 21-23)

A história tenderia a ser esquecida, como uma boa lembrança ou relativa decepção.

Porém, Jesus, à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, depois partiu-o e deu-o a eles. “Então seus olhos se abriram e o reconheceram; ele, porém, ficou invisível diante deles.” (Lucas, 24; 31)

Há também os depoimentos do apóstolo Tomé, que precisou tocar nas suas feridas para certificar-se; de Paulo, a caminho de Damasco e, João de Patmos, autor do Apocalipse.

Posteriormente, surgem relatos de místicos e santos, como São Francisco de Assis. E, mulheres, como Hildegard de Bingen.

Apesar da tentativa de se desacreditar as visões místicas, temos o direito e a esperança de que algo “real” exista.

No caso de Hildegard, por exemplo, Oliver Sacks descreveu suas visões extáticas e multissensoriais de luzes, estrelas, fogos ardentes e figuras humanas como “uma chuva de fosfenos em trânsito através do campo visual, sua passagem sendo seguida por um escotoma negativo.” Ou seja, ela sofreria de enxaquecas.

Sacks era ateu, porém renitente. Perto da morte, antes de perder um olho para o câncer e da sua metástase, deu uma entrevista dizendo que permanecia um judeu ateu.

O fato é que permanece a ansiedade dos cristãos, ao longo dos séculos, por encontros com Jesus.

Talvez esse encontro se dê através do reencontro consigo próprio e com a natureza. Afinal, Moisés conversou com Deus transfigurado numa sarça, ardente.

Ao mesmo tempo, o ruído aumenta. A festa de celebração do nascimento de Jesus é comercializada e um avatar de sua benemerência é reverenciado.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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