
Ana Primavesi era agrônoma. Batalhou pela inclusão do aspecto biológico, em especial do solo, com visão holística, sistêmica. Tinha uma visão ecológica ou agroecológica de manejo, sendo a responsável pelo avanço nesses estudos.
Foi uma das pioneiras na preservação do solo e recuperação de áreas degradadas, abordando o manejo do solo de maneira integrada com o meio ambiente.
Vírginia Knabben, sua biógrafa, disse:
“Ela consegue unir as ciências. Quando a ouvimos em uma palestra, em uma aula, vemos que ela junta a agronomia, com a hidrografia, com a climatologia, zootecnia. Ela fala dos bichos, das plantas, do clima, do solo, dos microorganismos. A doutora Ana tem a capacidade de juntar os conhecimentos e fazer a gente se encantar pela natureza”.
Ela sabia que “o procedimento que não incluía o aspecto biológico (a vida) em primeiro lugar permitia uma ação determinante da entropia, que leva à degradação, à regressão ecológica, aos ambientes naturais primários, inóspitos à vida e à produção de biomassa”, afirma o filho, Odo Primavesi, pesquisador da Embrapa.
“Com a inclusão do aspecto biológico, de forma holística, os processos resultavam em sintropia (como lembra Ernst Götsch), mais vida, mais complexidade, mais produção de biomassa, o contrário da entropia. A agricultura proposta por minha mãe preserva a vida. A da Revolução Verde (que preconiza o cultivo com base no tripé agrotóxicos-adubos químicos-sementes transgênicas) é feita em solo morto”, conclui.
Nascida na Áustria, estudou agronomia na Universidade de Viena, onde também fez seu doutorado em nutrição vegetal e produtividade do solo. Veio para o Brasil no pós-guerra.
Aos 92 anos, recebeu do Ifoam o maior prêmio mundial de agroecologia.
“Quando uma planta nativa aparece em um lugar é porque todas as condições lhe são favoráveis.
Milhares de sementes caem em um metro quadrado de chão, somente algumas centenas conseguem nascer e somente poucas dezenas e até só poucos exemplares conseguem se desenvolver.
Não depende somente da presença da semente que uma planta nasça, depende igualmente de microorganismos, da riqueza ou pobreza química do solo, de suas condições físicas, do regime de ar e água, da insolação e do uso pelo homem e gado.
Por isso fala-se de ‘ecótipos‘.” (Ana Primavesi)