
As religiões são necessárias enquanto o coração humano for angustiado por questões básicas. As principais dizem respeito ao nosso circuito – de onde viemos e aonde vamos – e à nossa peregrinação neste intervalo.
Com elas, o problema transforma-se. Continuamos sem respostas válidas, mas com detentores das agora “verdades”, com a máxima autoridade, o apelo da fé.
Carlos Heitor Cony disse: “… faço justiça a Deus, que só criou um mandamento, proibindo comer da Árvore do Bem e do Mal. Posteriormente Moisés deixou dez mandamentos e o Concílio de Trento (em 1545) proibiu 272 coisas.”
Há similaridades nas concepções sobre nossas origens, possivelmente deduzidas por analogia com a nossa reprodução e de outros seres vivos. Se temos ancestrais, parece lógico que o primeiro humano também tenha tido um gerador. Esse argumento criacionista é poderoso, porém não é respaldado pela natureza evolutiva das espécies.
Em Gênesis 2, 7 lê-se: “Então Iahweh Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente.”
Na tradição africana, temos que Olorum era uma massa infinita de ar. Nossa existência é inaugurada pelo sopro do hálito ou do ar divino, produzindo a vida de tudo o que existe nesse mundo visível e no mundo invisível (que é um espaço único, infinito, sem local determinado, invisível, real e vivo).
Na China, segundo a tradição popular, depois que o céu foi criado e a terra se solidificou, Niu-kua começou a modelar os homens com terra amarela, os puros; os outros, com lama.
Detalhe: Niu-kua era uma deusa (“Santa Mãe do Céu”). Depois ela foi associada a Fu-hi (Imperador Celeste).
Esse mito da “Mãe Cósmica” também existiu noutras civilizações: no Egito era denominada Temut; Tiamat, na Babilônia.
Para os hindus, Brahma criou todo o universo e todas as divindades individuais e por ele, todas serão absorvidas. Criou a alma humana, que constitui uma parte do poder supremo, como uma fagulha pertence ao fogo (segundo os Vedas).
Brahma é o deus supremo: cuida da criação; Vishnu e Shiva, da conservação e da destruição, respectivamente. Delegação de poderes.
Temos muitos criadores, e dúvidas.