O purgatório

Almas Devotas: O Purgatório na Visão dos Santos - Parte 1 - O que, porque e  como é

Ainda há uma chance! O purgatório!

“Purgatório … a maioria de nós, afinal, vai ter muita sorte se tiver que passar por lá antes de chegar ao céu, em vez de cair direto e para sempre no inferno.

E para que ninguém se queixe de que Deus é ‘malvado’ por mandar as pessoas ao inferno (ou ao purgatório), é bom lembrar que isso depende inteiramente de nós mesmos e do nosso uso do livre arbítrio.” (blog Catholicus)

Nasci numa família católica e, desde o catecismo, a figura do purgatório me parecia pouco encaixada. Embora as ideias de Paraíso (o Céu) e Inferno já me parecessem exageradas.

O além é um dos grandes horizontes, digamos assim, das religiões e sociedades. A vida do crente transforma-se quando ele pensa que nem tudo fica perdido com a morte.

Por trás, existe a poderosa imagem do Pecado, que é definido como “… ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. (Catecismo Católico, parágrafo 1440)

Uma saída apontada é a Indulgência, que já foi um mercado.

“A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela ação da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos.

A indulgência é parcial ou plenária, consoante liberta parcialmente ou na totalidade da pena temporal devida ao pecado.

O fiel pode lucrar para si mesmo as indulgências […], ou aplicá-las aos defuntos.” (Catecismo, parágrafo 1471)

Se morrermos fiéis a Jesus Cristo, na pureza e sem pecado, com certeza o Céu será o nosso destino final, pois lá é a morada dos santos. No entanto, se morrermos com alguns pecados, podemos passar uma temporada no Purgatório, o lugar da purificação final dos eleitos, daqueles que morreram em Deus, mas ainda precisam de purificação para chegar à glória dos Céu.

Para o Purgatório vão os que praticaram os chamados “pecados veniais“, aqueles pecados “ligeiros, quotidianos, habituais” (segundo Santo Agostinho). Pecado venial significa “perdoável”.

Para Lutero, o Purgatório, que ele chamava de “o terceiro lugar”, era um “além inventado”, não estava nas Escrituras. Os católicos, naturalmente, têm sua fundamentação em Lucas 16, 19-31, ‘O homem rico e o pobre Lázaro’, basicamente.

Até o final do século XII, a palavra “purgatório” não existia como substantivo; às vezes era usada como adjetivo. Entre 1150 e 1250, a Igreja começa uma remodelação cartográfica, criando um espaço (e um tempo) para o Purgatório.

Abandona-se o esquema binário e assume-se um esquema ternário, com a criação de um lugar intermediário entre a morte individual e o Julgamento Final.

Lembrando, a doutrina da Igreja diz que, no momento da morte, a alma (que é imortal) deixa o corpo e os dois voltarão a se encontrar no fim dos tempos, quando haverá a ressurreição dos corpos.

A questão da (provisoriamente) incorporalidade da alma não parece um problema para o propósito do Purgatório. As almas passam a ser dotadas de uma materialidade sui generis para que possam ser atormentadas como que corporalmente!

A figura do Purgatório não tem equivalência no Sheol judaico; este é considerado uma sepultura familiar em larga escala; um lugar inquietante, triste, mas desprovido de castigos.

A igreja criou o Purgatório para substituir os “pré-paraísos” do “refrigerium“, lugar imaginado nos primeiros tempos do cristianismo, e do “seio de Abraão“, citado na história de Lázaro e do mau rico.

O Purgatório, localizado “geometricamente” mais próximo do Céu do que do Inferno, é um lugar onde certos mortos (os futuros eleitos) passam por provações – mas, essas podem ser abreviadas pelos sufrágios, a ajuda espiritual dos vivos.

A existência do Purgatório requer as crenças na imortalidade e na ressurreição e, que algo de novo possa acontecer entre a morte e a ressurreição.

Para religiões que acreditam em reencarnações sucessivas (metempsicose), como o hinduísmo e o catarismo (albigenses), por exemplo, o Purgatório não faz sentido.

O Purgatório representou um acréscimo de poder para os vivos, uma certa interferência sobre a morte. E, principalmente, para a Igreja, que afirma o seu direito sobre as almas do Purgatório.

Poder espiritual mas também lucro financeiro para as ordens mendicantes e do sistema das indulgências.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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