
O presidente, coitado, não pode governar. Para se governar é necessário o poder. Absoluto?
Desta vez, a culpa é do STF.
Não dá para defender cada um dos ministros, infelizmente; mas a instituição é inatacável: é um dos pilares do sistema democrático.
Quem já trabalhou nalguma organização reconhece aquele que, malandramente, não entrega o esperado – por incompetência, desídia, má fé etc. – e, aponta para o colega como responsável por sua ineficiência. Este é um inimigo interno.
O Brasil não se vê – orgulhosamente – como nação porque o povo não tem sido voz atuante nos momentos significativos da nossa história.
O país só começou a se ver como tal a partir da vinda da Coroa Portuguesa, fugindo de Napoleão, em 1808. Antes, era constituído por Capitanias – doadas por Portugal.
A Independência não foi conquistada – foi uma decisão do herdeiro, para ter o seu próprio quintal.
A Abolição da Escravatura foi uma magnanimidade de uma princesa.
A República foi fruto de um golpe de estado, instrumentalizado por um marechal que não estava satisfeito com uma “Questão Militar”.
A Federação foi uma exigência para que o novo nome do país (Estados Unidos do Brasil) fizesse sentido. Ao contrário do modelo do norte, onde 13 colônias decidiram se juntar numa Federação, aqui o poder central fatiou o país em Estados.
Os militares se julgam os verdadeiros juízes – moderadores – afinal, têm armas e tropas.
Não há senso cívico, só arremedos. As elites sempre se dão bem com os que exercem o poder “em nome do povo”. O povo é ignorante, em muitos aspectos, inclusive sobre seu papel político. O povo acha que política é algo nojento: confunde pessoas com ideias.
O poder público termina por ser o que sempre foi: patrimonialista, corporativista, corrupto, inepto, descomprometido … sempre em crise.
A presidência em curso sabe que é fácil manter-se no poder e criar um novo tipo de regime: o presidencialismo monárquico. Por cortesia, haverá renovação no poder (republicanismo), desde que a escolha se dê na famiglia.
Um sistema que permite toda série de cooptação (militares, policiais, Centrão) e centraliza no Executivo as indicações para agências e funções-chave da República (PGR, Polícia Federal, ministros do STF, estatais etc.) torna-se uma armadilha para ele próprio.