
A vida tem um sentido, ou somos nós – centelhas da vida – que lhe damos sentido?
Não tenho a resposta – sou só confusão, não conclusão. “Ficamos confusos quando achamos que sabemos sem saber, de fato”, diz Sadhguru.
Mas, tenho o pressentimento de que nossa razão de ser é tornar aprazível o nosso entorno, enquanto fazemos o que nos é prazeroso.
É algo assemelhado ao que prega Kazuo Inamori:
“Inamori acreditava que uma empresa, como uma coleção de seres humanos, deve se esforçar para operar de uma forma que seja boa e correta, assim como os indivíduos se esforçam para trabalhar duro, ter bons pensamentos, fazer a coisa certa , pratiquem a autorreflexão e a autodisciplina, refinem suas mentes e elevem seu caráter na vida cotidiana.” (Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi)
Para ele, as empresas devem enraizar a estratégia no propósito moral para prosperar em um mundo complexo e em rápida mudança.
Kazuo Inamori é um dos principais executivos corporativos do Japão.
Ele é o fundador da Kyocera (uma empresa de eletrônicos, telecomunicações e hardware de cerâmica) e KDDI (uma empresa de telecomunicações), e é atualmente o presidente honorário da Kyocera e também da Japan Airlines (JAL).
Sua filosofia e ações são respeitadas e consideradas por muitos como a filosofia de gestão “padrão ouro” e, além disso, como uma filosofia de vida a ser seguido.
Ele enfrentou o desafio de ressuscitar a JAL da falência em fevereiro de 2010, sem qualquer indenização, e recolocou a JAL na Bolsa de Valores de Tóquio em apenas 2 anos e 8 meses após o pedido de falência da empresa.
Pesquisas em neurociência lançaram luz sobre os fatores biológicos que impulsionam o senso de propósito dos humanos. Agora sabemos que, em geral, a necessidade mais básica que temos é a conexão social – ela tem uma atração motivacional mais forte do que até mesmo comida, água e abrigo.
Os neurocientistas também descobriram que o cérebro humano exibe uma predisposição para buscar o bem comum por meio de um comportamento igualitário e altruísta.
“… nosso propósito como seres humanos está enraizado em nossas tendências universais de nos relacionarmos e cuidarmos uns dos outros, que compartilhamos a capacidade de nos adaptarmos rapidamente a circunstâncias mutáveis e que podemos imaginar juntos como podemos criar um mundo melhor.
O mesmo senso de propósito e conjunto de capacidades existe no ser vivo que é a empresa.” (Nonaka e Takeuchi)
Sua filosofia de trabalho, prevista no livro “Filosofia Inamori“, da Seiwajyuku do Brasil, é resumida em 12 princípios (aproveito-me do excelente resumo do blog de Jaime Marlon Silva):
- Definir claramente os objetivos e o sentido do empreendimento. Os objetivos devem ser rigorosamente imparciais e possuir elevado sentido.
- Estabelecer metas concretas. As metas devem sempre ser compartilhadas com todos os funcionários da empresa.
- Desejar intensamente. Para alcançar os objetivos, é necessário que os anseios se mantenham intensos, que se alojem no subconsciente.
- Esforçar-se mais que todos. Cada passo no trabalho pode ser modesto, mas o avanço deve ser firme e infatigável.
- Maximizar as receitas e minimizar as despesas.
- Definir preço é administrar. A definição de preços é trabalho da diretoria. Há um único ponto em que o cliente fica satisfeito ao mesmo tempo em que se obtém bom lucro.
- Na administração, forte determinação é fator decisivo. Para administrar, é preciso ter forte determinação capaz de remover as mais sólidas barreiras.
- Espírito de luta. No mundo corporativo, é preciso muito espírito de luta, mais que em qualquer luta marcial.
- Enfrentar as situações com coragem. Não pode haver conduta medrosa, evasiva.
- Realizar sempre trabalhos criativos. Trabalhar visando ao contínuo melhoramento, de forma que amanhã tenhamos resultados melhores que hoje, e depois de amanhã melhores que amanhã.
- Altruísmos e lealdade.
- Administrar sempre com espírito franco, bem disposto e construtivo, alimentando sonhos e desejos.
Essência da Administração (KOKORO):
- Administrar com base no sentimento. Ponto de apoio, o sentimento das pessoas, pois não há nada tão volúvel e tão instável. Mas que quando unido por traços firmes não há nada mais sólido como a união de pessoas ligadas por um mesmo sentimento.
- A busca do lucro justo e correto. O foco não está no ganho exorbitante de curto prazo e sim no esforço pela prática correta e sustentável.
- Obediência aos princípios e regras básicas. Conduzida de acordo com os preceitos éticos e morais da sociedade.
- O cliente em primeiro lugar. Capaz de lançar, sucessivamente, produtos com valores agregados que os clientes desejam. Necessário possuir tecnologia mais avançada que os clientes. Fazer o cliente feliz.
- Administrar na forma de grande família. Gera gratidão e reciprocidades, consolidando o companheirismo que forma a base do trabalho de todos.
- Princípio de competência. O fator mais importante é ter pessoas capazes nos cargos de liderança. O critério para avaliação não é tempo de casa, e sim, a capacidade real das pessoas.
- Valorizar a parceria. Confiança mútua para ser sempre fraco e aberto. Uma relação horizontalizada, e não verticalizada entre chefes e funcionários.
- Administrar com participação de todos. Valorizar a opinião de todos, engajar as pessoas à realização da meta coletiva.
- Alinhar os vetores. Convergir as forças para uma mesma direção e obter resultados surpreendentes. Quando o 1 + 1 resultará em 5 ou até mesmo 10.
- Valorizar a criatividade própria. Estimular o esforço de criação dia após dia e a garra de querer vencer.
- Administrar com transparência. Permitir um sistema que não dê margens a desconfiança onde as informações estão disponíveis a todos.
- Estabelecer metas elevadas. As pessoas que concebem grandes metas conseguem grandes resultados.